11 janeiro 2014

Folha de manjericão

Três goles de alegria
Um prato inteiro de tranquilidade 
Duas garfadas em cena e poesia 
Um não sei quê de futilidade
Pois comida de sonho não é avareza
Volto aos meus quatro goles de sabedoria
De um delicioso chá de estrelas!


26 dezembro 2013

E.

Eu lhe disse que parasse de sofrer
De tanto raro pranto verter
Sem tanto amanhecer
De encolher
Nada
Atabalhoada
Ficarei calada
Estarei, só aos teus, parada
Disseste enquanto pegava a estrada
E eu que já não mais com alma te via
Sonhar não mais podia
Pouco ria
E sofria
Fria
Meu?
Não, esqueceu?
Há tanto meu amor asas te deu
Disse, outra vez, não sofrer se não aconteceu. 

17 dezembro 2013

Fotografia de lá

Não há como ser todo eu fora de mim
Nem caber tudo do mundo aqui dentro
Por segredo, por decreto, por desejo ou por incenso.

Há os predicados – agregados, violados, encantadores
Há menos amor que olhares no instinto
Em tudo o que eu digo e no que dizes sentir.

Por que ainda não disse o que valia?
Por que só depois da ressaca?
Por que apenas quando já não vale o tropeço?

Não há como ser todo eu fora de mim
Nem falar do mundo para o vento
Não há como espantar todos os fantasmas

Não há como caber o mundo aqui dentro
Nem cansar lá, nunca aqui


Por que amar não é só fotografia. 

08 novembro 2013

Ifé

O branco por cima do couro
Que tem também cor d'ouro
Ajuntado na prata e turquesa
E verde e rosa e vermelho e beleza.
O branco por cima do couro 
No alto de todas as cabeças 
Por dentro e fora e meio e desejo
Como nuvem bem devagar
O branco por cima do couro
A cor que veste e despe e encanta 
Que traz o sagrado Bàbá
À minha alma colorida! 
O branco por cima de tudo
Guardando elevando protegendo 
Um passo em Ifé 
E a fé no mergulho ancestral 
08/11/13

14 outubro 2013

Troço

Mas que troço esquisito é o amor, ao menos como o vejo e canto; tudo nele é definitivo pelos próximos dois olhares de segundo! 


Eu mal sabia que era ela que vinha no desajustamento de minhas ideias; que já era hora de recolocar bandeira de amor. 

Eu que ainda carecia das últimas lições de fantasias libertinas para amansar suas mãos de ladainha; dos pés sem sobressalto à boca de falar, de dizer mainha. 

Mas que desassossego é o amor... A carta deixada na porta diz menos que o mutismo ao telefone - nosso pavor! 

Eu que preciso menos de palavra que de desejo, sou invadido, dominado, conquistado por frases de efeito sem receio, nem recreio. 

Eu que devia ter um nome a zelar, tenho um sonho para criar e dar de comer; crescendo vistoso tenho certeza que se multiplicará. 

30 setembro 2013

Omi

Ainda era madrugada
Ainda tinha sono
Era a minha alma acordada
- O corpo só descansava
enquanto meu espírito se agigantava
Pela vida, pela promessa, por toda entrega...
Pela Água, para as Águas...
Tudo nelas lava, leva, eleva...
Tudo é movimento em movimento! 
Colorido de Branco 
Desci à fonte com minha lata de expectativas 
E com ela cheia de mim - 
espelho do que ainda sou e serei, 
Subi, subi a serpente branca
Tenente em meu lugar, inabalável na fé
Com irmãos ao lado
Com Santos a pé
Aos olhos de estrelas e Encantados
Que da mata me asseguravam verdades e força.
A conversa com Olorun, com os Santos, comigo mesmo
Não me deixaram ver que já era dia...
E com o sol, cheguei à cabeça à cabeceira 
E fui banhado na casa do Guerreiro Fun Fun
Todo o mundo era um grande e sagrado Pilão
Em minha frente, Iroko 
Como testemunhas Èsù, Ògún, Òsóòsi e Obaluaiye 
Além de Osun e toda minha Ancestralidade 
Que me viram ali, com votos renovados
E o desejo reafirmado em cada gota de bênçãos
Caminhar sob o Ala de Osala!

13 agosto 2013

No tempo em que os olhos seduziam

No tempo em que os olhos seduziam
Eles nao precisavam ter cor
Nao era necessário ter um jeito
E todo infortúnio interno fora desfeito.
No tempo em que os olhos seduziam
Havia mais pelos e mais pele
Mais trejeito, confusão - Gita e Memória
Violão de roda e rodas feito fumaça em calmaria
Quando os olhos seduziam
Eternizar era tão desesperador quanto mudar
Como dizer eu te amo
Para, n'outro olhar, deixar de amar - doce ventania
Quando os olhos seduziam
O corpo, salvo a língua, de nada valia
O falo estava no centro da testa
Como o terceiro que ninguém vê
No tempo em que os olhos seduziam
Poucos sabiam ler
Poucos se livravam do prazer - outrora maestria;
E eles já não sabiam ser ou ter - coisas de iludir
No tempo em que os olhos seduziam
Não se usavam palavras ou poemas
A linguagem era para se viver
E os sonhos de cama ou de rua para se refazer

06 junho 2013

sentimento-gozo

Orgasmo
Outro
Ruídos
Flores
Rápido
Líquidos
Sólidos
Insólitos
Respiração
Camisinha
Perguntas
Cigarro
Água
Gargalo
Cama
Sorrisos
Espelho
Carinho
Horas
Velas
Pétalas
Perfume
Cheiro
Fio-de-cabelo
Fome
Bobagem
Roupas
Acessórios
Sala
Telefone
Beijo
Taxi
Escada
Esquecimento
Coração
Relógio
Sentimento

Mais do Mesmo Alívio!!!