19 novembro 2021

Fingimento

 Fingir ser o que já sou

dobrar o tempo em mim

ter outra mesma cara 

imperfeita até o real final.


fingir minhas alegrias

sorrindo solto pra ti

na impertinência do momento

onde as vísceras também riem.


fingir correr pra ti

ter em mente o estar pronto

onde jamais disse a verdade

tampouco, pra ti, eu menti.


fingindo a dor do texto

como o poeta louco faz

tão completamente feito

que o eu não sabe para onde olhar! 


Fingir ser o que já sou

pode não ser repetição

se há margem pra invenção

sigo sendo eu além do que soou. 

Décio Plácido, 04/01/2020

03 novembro 2021

Motumbá Iémọ́já

Entrei e te saudei

Molhei os pés

Esfriei o corpo 

Enquanto o espírito ardia


O céu divinizado 

Na sua imensidão 

O Sol em teu corpo

Prestes a arrebentar

Em mim. 


Por três vezes

Mergulhei Orí 

Disse uma reza 

E esperei… 


Uma dor no quadril 

A cabeça intensa 

- tantas mortes no Brasil -

A esperança é uma coisa densa.


Se tivesse desejos 

De anjos ou gênios traquinos 

Pediria a extinção dos meus grilos, 

À Iyá, não me arrisco. 


Diante de tanto lamento 

Ògún chegou à beira

Trazendo Babá Igbona e Ọ̀ṣọ́ọ̀sì 

Èṣú passou de bicicleta… 


Espumas brancas me cercaram 

Ganhei um beijo Dela

Enquanto era banhado… 

Enquanto nascia outra vez


Décio Plácido, 31/10/21

Mais do Mesmo Alívio!!!