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09 setembro 2018

Quando a alma sai

Quando minha alma sai para passear
E me deixa com lambadas de solidão
Meu corpo reage cansado
Às imagens de um córtex privado de emoção
Laçado por neurotransmissores descompassados

Quando minha alma briga comigo
E me deixa com correntezas nos olhos
Meu sorriso foge
Para o fundo das entranhas, sem abrigo
Escondido da ausência de cor e dor

Quando minha alma está ferida
E vejo suas fraturas expostas
Meu corpo reage confuso
A dor que nao dói esfola e mata
A pele íntegra, perfumada e sem brilho

Quando minha alma nada diz
Por ferimento, intolerância ou deleite
Meu corpo reage à sua voz
Dizendo do seu amor e preocupação
Obturando minha lacuna com a suas flores.

Décio Plácido Neto (07/09/18)

16 junho 2015

Já não sei.

Sei lá tem sido tão usual
Já não me lembro de algo concreto
De substância, de impacto
Só de alheamento e tiro incerto

Fugiram todas as certezas 
O verbo a poesia e a coroa
Amar sem conhecer é amor? 
Duvidar da falta de saber é crer? 

Sei lá é o desespero na língua 
É o espelho invertido, de costas
Sei lá é a ausência de um sujeito apaixonado
É a principal defesa contra os outros...

Dissiparam-se todas as dúvidas e 
O aperto das pálpebras desconfiadas
A boca que se entorta é derrame? 
E a testa franzida, é surpresa? 

Sei lá! 

Sei lá é a falta de interesse, 
Mas o que mesmo ficou no lugar? 
Sei que não estou apartado mundo-de-fora
Mas sem interesse, o que me ligaria a ele? 

Ando me despindo de fantasias literárias 
Ando me vestindo de não-sei 
Passeio sobre pernas ansiosas
Para chegar. Onde e como? Sabe-se lá... 

08 janeiro 2015

Contagem

São pelos meus vinte segundos desfazendo o sorriso
ou pelos mais de vinte anos de sonhos cansado de trocar as personagens
São pelos vinte séculos de labilidade emocional
ou pelos vinte minutos para organizar minhas coisas e sair
São vinte desejos disfarçados de beijos
E o mesmo tanto de maldade travestida de travessuras.
São apenas vinte de você para um milhão de eus 
São vinte oceanos de amor
E apenas vinte escaninhos para tudo acomodar
Foram vinte noites de amor, amor, sexo e mais amor
E foram apenas vinte palavras desencontradas
Um frase dita em vinte segundos: sem sujeito real ou objeto genuíno
São vinte desejos disfarçados de beijos
E o mesmo tanto de maldade travestida de travessuras.
Foram vinte e tantos mais beijos
Até que vinte eles eram verdadeiros para mim e para você?
São as vinte qualidades e defeitos que esperei
Foram os vinte minutos mais longos, pois estava no meio do nada. 
São vinte desejos disfarçados de beijos
E o mesmo tanto de maldade travestida de travessuras.
Mas não lamento não ter vinte e poucos sonhos.

02 setembro 2014

De mansinho.

Despir-me por você 
Era questão de mínimos minutos 
Nada era necessário
Mas com a música certa podia ser arriscado...

Despir-me era invadir, ter olhos
Em segundos saber o ritmo de seu coração 
Pra isso nada era necessário
Delicadeza nas mãos...

Despir-me era morder de levinho teus lábios 
Num golpe mágico ter certeza da sintonia
O melhor do amor é saber certo
Daquilo que arrogantemente se desconfia.

Despir-me é me arrancar ... É mais que ficar nu!
É deixar que somente você veja minha humanidade
Na rua, no restaurante, na cama, no sexo feito em qualquer lugar e hora! 
Nas nossas escolhas não se anda de mansinho.
ॐ Décio Neto

14 outubro 2013

Troço

Mas que troço esquisito é o amor, ao menos como o vejo e canto; tudo nele é definitivo pelos próximos dois olhares de segundo! 


Eu mal sabia que era ela que vinha no desajustamento de minhas ideias; que já era hora de recolocar bandeira de amor. 

Eu que ainda carecia das últimas lições de fantasias libertinas para amansar suas mãos de ladainha; dos pés sem sobressalto à boca de falar, de dizer mainha. 

Mas que desassossego é o amor... A carta deixada na porta diz menos que o mutismo ao telefone - nosso pavor! 

Eu que preciso menos de palavra que de desejo, sou invadido, dominado, conquistado por frases de efeito sem receio, nem recreio. 

Eu que devia ter um nome a zelar, tenho um sonho para criar e dar de comer; crescendo vistoso tenho certeza que se multiplicará. 

10 maio 2010

M.o.n.e.t

Acabei de descer o -mais-baixo
Frente a olhares intransigentes
Pensei em ceder o lugar onde me encaixo
E caminhar sozinho sob o sol

Peso que me foi acoplado insanamente
- Sempre se tem culpa ao aceitar.
Como quebrar vinte e dois anos convergentes
e os botões que ao desabrochar caem do talo?

Te encontrei e não sei se é amor
Seus beijos continuam doces, voluptuosos.
Desconheces o contorno que se perpetuou
dos momentos estranhamente nossos.

5 dias, 5 anos, 5 séculos a fio
Onde guardei o que tanto me deixou sozinho
mas escapulia em eu-te-amo avulsos.

Como se o nobilíssimo sentimento precisasse de uso
Ele reina impunemente
Sobre mim,
sobre você,
sobre os que não amam.

Tão auto-suficiente que não admite
"Ele está morto ou muito baixo"

Ainda te amo
mas não sei se quero!


 "Monet teve uma catarata no fim da sua vida. A doença o atacou por causa das muitas horas com seus olhos expostos ao sol, pois gostava de pintar ao ar livre em diferentes horários do dia e em várias épocas do ano, o que foi outra característica do Impressionismo. Durante sua doença Monet não parou de pintar, - usou nessa época de sua vida cores mais fortes como o vermelho-carne e vermelho goiaba, cor tijolo, entre outros vermelhos e cores mais fortes."


19 julho 2009

Amar

"Amar é dar o que não se tem." Platão (depois Lacan)
No auge dos meus trinta anos ou no amanhecer do resto dos meus dias, ainda não consigo definir melhor o amor. Acredito que sendo tão pessoal e universal, o amor (criação nossa) não tenha outras definições plausíveis. O ato em si tem infindáveis bordões (amar é isso, aquilo, meio-amargo, "meia-calabresa"), mas o amor, não. "Sabe lá, o que é não ter e ter que ter pra dar, sabe lá" (Djavan). Não pretendo o posto de Platão ou Lacan, só quero entender isso que não dou nome, nem forma, nem textura e tanto dói ... algumas vezes é vazio noutras transmuta-se num infinito, desprezo gratuito e doação sem limites, não tem uma sensação mas uma verdadeira alucinação em todo o corpo, desregramento dos sentidos, algumas vezes faz sorrir mas, de ordinário, chora-se. "Quem inventou o amor me explica por favor" (Renato Manfredini). E lá se vão mais poetas...

12 julho 2009

eu

eu
eu te amo
eu me amo
eu o amo
eu a amo
eu não
eu, sim, amo
eu quem amo?
eu só amo!
Não diga que me ama
abrace meu peito
toque nas minhas mágoas
aceite este co(r)po meio-cheio
e diga que dormiremos juntos
Não prometa largar tudo
deixe-me ver sua alma
fazer um coral com nossos grilos
aceite a toalha na cama
assim, prometo nada lhe prometer
Não jure secretamente
cuide de suas asas e
esqueça dos fantasmas nos nossos quadros.
Representações.

Mais do Mesmo Alívio!!!