17 dezembro 2021

Lábil

Meu humor vacila 

E claudica ante as cenas.

Menos que ser uma pena,

Me exige outras dívidas.


Lábil e inábil 

Não há o que o explique.

É como imaginar

As consequências do eclipse!


Umas músicas e 

A mortandade:

São dias de hoje,

Dias de pouca vontade.


Meu humor inadaptável 

Faz água de rochedo. 

Fazendo água no oceano,  que é

Minha piscininha em segredo. 


Lábil e inábil 

É (ou era) carregado de enfeite. 

Escorrego pelos dias

Experimentando dor e deleite.

06 dezembro 2021

casa caiada

casa caiada

cimento arenoso...

existe descanso

onde só existem fantasias

e reminiscências?


Décio Plácido, 6/12/2010

Paradoxo

incompatibilidade.
fizemos escolhas.
paradoxos.
nada pra falar.
mas eu gosto de você.
- eu também.
um bipolar ou uma delirante.
uma escolha de Sofia.

Décio Plácido, 7/12/2010

19 novembro 2021

Fingimento

 Fingir ser o que já sou

dobrar o tempo em mim

ter outra mesma cara 

imperfeita até o real final.


fingir minhas alegrias

sorrindo solto pra ti

na impertinência do momento

onde as vísceras também riem.


fingir correr pra ti

ter em mente o estar pronto

onde jamais disse a verdade

tampouco, pra ti, eu menti.


fingindo a dor do texto

como o poeta louco faz

tão completamente feito

que o eu não sabe para onde olhar! 


Fingir ser o que já sou

pode não ser repetição

se há margem pra invenção

sigo sendo eu além do que soou. 

Décio Plácido, 04/01/2020

03 novembro 2021

Motumbá Iémọ́já

Entrei e te saudei

Molhei os pés

Esfriei o corpo 

Enquanto o espírito ardia


O céu divinizado 

Na sua imensidão 

O Sol em teu corpo

Prestes a arrebentar

Em mim. 


Por três vezes

Mergulhei Orí 

Disse uma reza 

E esperei… 


Uma dor no quadril 

A cabeça intensa 

- tantas mortes no Brasil -

A esperança é uma coisa densa.


Se tivesse desejos 

De anjos ou gênios traquinos 

Pediria a extinção dos meus grilos, 

À Iyá, não me arrisco. 


Diante de tanto lamento 

Ògún chegou à beira

Trazendo Babá Igbona e Ọ̀ṣọ́ọ̀sì 

Èṣú passou de bicicleta… 


Espumas brancas me cercaram 

Ganhei um beijo Dela

Enquanto era banhado… 

Enquanto nascia outra vez


Décio Plácido, 31/10/21

12 setembro 2021

 Você chegou num dia iluminado

era quarta feira

era final de inverno

era o meio do dia 


o menino de Virgem

trazendo constelações

são tantos sentimentos e matrizes

matizes de novos momentos


Se o Mar foi testemunha

e o Sol não se poupou

cabe a mim estar a postos 

e jamais economizar amor. 


13 anos se passaram 

Tantas cores pintadas

e tantos traços retocados

nessa estrada, em nosso chão


Te amo, filho! 

11 agosto 2021

 De pernas pro mar 

Dou pernas ao mar


Me encho de mar 

Desincho no mar 


É bom de cantar 

De escrever

E transar… 


De se molhar 

E se benzer 

Pra inhaca espantar 

E tudo crer. 


De pernas pro mar 

A vida encolhe

O sonho se transforma 

E dou pernas ao mar

 

Me encho de mar 

O peito estufa 

Não há desculpa 

E desincho no mar 


É bom de cantar 

Melhor mesmo contemplar 

Perder de vista 


De se molhar 

Tirar sustento 

Ganhar o mundo 

Ver o Sol descansar. 

Décio Plácido, 11/08/2021

27 julho 2021

Filtro

Eu amo você 

Que seja óbvio 

Mas é de outro jeito! 

Assim sem coraçãozinho 

Sem figurinha

Sem bilhetinho todo dia. 

“tudo?!…é cansaço!”

Amo com a minha crueza

- sem condimento, sem cozimento -

Minha natureza, 

Incerteza,

Inteireza. 

Nem muito! 

Nem pouco! 

Amo o que sei disso;

O que já consegui aprender -

E nada tem que ver com firulas,

Com Ideias,

Com fantasias,

Ou com dar presentes a você. 

Isso, que não tem forma, é

Uma báscula 

Um movimento de elétrons 

Um acreditar no espectros 

Entre Tomaz Antônio Gonzaga 

E o embriagado Bukowski.

Vim da roda! 

Das rosas,

Dos raios. 

Hoje, 

Fico com a pedra

 e sua constância e 

Dureza e 

ausência de certeza e 

Capacidade própria de beleza! 

Fico com a possibilidade 

Com a aposta

Com a revolução 

Com a refiltragem de ideais 

De tudo o que poderia ser.

Décio Plácido, 27/07/2021

23 julho 2021

Verde rubro

Diz de tudo: 

Das cores

Também dores

E seus estudos! 

De ir,

De conseguir

E parar. 

Verde rubro 

Diz sem querer: 

Dos ritmos 

Da velocidade 

E o tal abuso.

Do sapato 

- o que carrego - 

Ao sobretudo!

Décio Plácido, 23/07/2021


08 julho 2021

 Andam dizendo que estou sério 

Mas, na verdade, só estou atento

O riso, a galhofa, a gargalhada 

Se instalam feito marcas no tempo 


O cabelo e a barba cresceram

Ganhei novas cores e refletores 

Avolumam-se estudos e novos interesses 

Devo estar bem (também) de neurotransmissores 


A foto preto e branco 

Num dia de alegria e festejo… 

Se soubessem o quanto sorrio em alma

Me decifrariam na velocidade do lampejo! 

Deco Plácido, 08/07/2021

09 maio 2021

Somos (para Regina Celia)

 Somos tudo

Somos demais 

Somos a sobra 

A necessidade e a precisão


Somos tudo 

Somos o ranger 

Somos o que acolhe

O café e a mesa pronta


Somos tudo 

Somos e é isso

Somos mais daquilo 

A faca amolada e o algodão 


Somos, de fato, tudo 

Somos o que não quero

Somos o que desejamos

E é tanto que não cabe na conta. 


Somos tudo

Somos amor 

Somos desertos 

Somos dois e é uma multidão! 


05 maio 2021

Sem poesia

Hoje está bem difícil ser eu! 

Pensamentos desordenados assombrando. 

A dor não está no corpo,

Mas é ele que está me matando.


Os minutos passam como farpados.

Não consigo imaginar os destroços 

De tudo isso que está me cercando, 

Mas nunca pensei em por a alma pra negócio. 


Não consigo parar de chorar, 

Mas não quero deixar a tarde seguir. 

Um grito contido, um estouro abafado

Faz isso: a substância do corpo sumir.


Hoje é dia de xingar Deus em vão! E

De perder o tom da autocrítica! 

A falta de predicado para essas horas 

Fazem com que morram sem motivo ou direção. 


É ininteligível esse sofrimento: 

Cabe nesse conjunto de órgãos e tecidos,

Sem estar de fato ou direito em um lugar...

Já são tantas lágrimas (nada conhecido!).


Hoje está bem difícil ser honesto

E ter uma ilusão de fidelidade ao desejo. 

Quando tudo está pelo golpe presto, 

Nenhum sorriso se resume inteiro! 


Não sei se são as chuvas de maio; 

As mortes cruéis da pandemia; ou

Os ossos que não param de morrer...

Tudo isso era o que ontem me afligia! 


Hoje, nessa impossibilidade de dizer, no vácuo 

Mal-conheço, desconheço, irreconheço

Isso que me rouba o chão. 

Tudo é um buraco no apreço!


Hoje está bem difícil ser eu, 

E não tenho uma palavra que me conforte,  

Nem um amigo antigo, irmão mais velho 

Que seja mais esperto, bonito ou forte. 

Deco Plácido, 05/05/2021

23 abril 2021

Saudades

Ver dormir 
 Pensar o despertar 
 Imaginar o café... 
 É lindo o seu sorrir 

 O dia corre 
 Cuidamos dos filhotes 
 Das plantas e dos bichos 
 Que nada melhore! 
 (precisa?) 

 Um taça da vinho 
 Vamos cozinhar?
 Coloca a mesa e 
 Se esmera no carinho 

 Café e chocolate 
 Talvez um chá! 
 Não lave a louça, 
 O sofá nos cabe! 

 Caiu a tarde 
 Troca o LP 
 Criança precisa dormir 
 E, de novo, eu e você. 

 Traz um tinto 
 que fale da gente 
 A lua foi mansa 
 É dia novamente. 
 Deco Placido, 21.04.2021

06 abril 2021

Recomeçar

Recomeçar é o quê, afinal? 

Coser as pontas dos atos.

Pode ser do início, mas

Pode-se reescrever só o final! 


[Colocar os pingos nos is do que não entendi?]


É cuidar da semente,  

Ver além do poente, ver depois.

Pode ser apenas uma poda, 

Salvaguardando coisa e gente! 


[É saber sem pestanejar que 1 vem antes de 2.]


Pode haver mudanças no recomeço:

Das letras, da ordem, das setas...

E mesmo sendo apenas remendos ao início, 

Nada assegura ausência de tropeços!


[muito do que não aferi, agora meço!]


Talvez nem seja tão sábio um novo começo, 

Mas não é tolo se se decide encerrar - 

Sei que me parece mais difícil ficar parado

Se por círculos e ciclos me reconheço! 

Deco Plácido, 06.04.2021

29 março 2021

Não se cabe totalmente em fetiches. 

Não se é a fantasia que se veste.


Eu não aplaudo tirania, 

Tampouco sou unguento disponível. 

Sou do barro, da noite azeviche. 

Sou o avesso da vilania! 


Se o que resta é um pálido drama, 

Sou mesmo gente antes de poesia. 


Não sou dado à correria. 


De onde venho, não é bom alvitre 

Perder-se em si, achar no outro 

Todo momento, toda alegria. 


Não sou fonte ou reflexo de azia - 

Já disse que transbordo o estabelecido.

Invento estórias e estouros

Para integrar (plácido) a melodia. 


Já sou maior que o meu molde!

Colhi flores, senti o vento, juntei pedras e

Nas noites de pranto e disritmia 

Senti de tudo e bebi uns goles. 

Ultrapassei as barreiras do que foi guia! 

Décio Plácido, 27.03.2021 

(mas caberia em 1979 também)!

28 março 2021

 É preciso rasgar alguns espaços. 

Não que os invada por dolo

Ou que sejam destinados a outros,

Mas porque já se sabe sem embaraço

Que satisfação não cai no colo...

Não tardam desafios na rota do ouro


É preciso abrir a casca! 

Escrutinar cada arranjo feito,

Cada decisão tomada em segredo.

Ora retirando lasca por lasca 

Ora tomando força e jeito 

Do poente atravessando os prédios!


É urgente fazer frestas! 

Fazer em todo canto lumieiro,

Nem que se rasgue o firmamento.

A luz ajuda na acomodação das arestas...

Um querer já não tão estrangeiro. 

Existir não mais como paisagem, e sim alimento! 

Décio Plácido, 28/03/2021

24 março 2021

 Com licença para ser apenas poeta! 


O encontro com o outro é sempre o face-a-face com o desconhecido, com uma paleta carregada de cores, cheia de nuances que jamais imaginaríamos, soluções artística diferentes... outra idiossincrasia! 


Mas até certo ponto. 


Muito do que reconhecemos nas outras pessoas (caos, instabilidade, características que arbitramos valores, afetos, intolerâncias, preconceitos e toda sorte de emoções e sentimentos) existe de alguma forma em nós mesmos - como desculpa ou projeto. Não há como REconhecer sem ter conhecido previamente (parece óbvio, mas não pra tod_s); algumas vezes, em nossas próprias experiências solitárias e particulares. 


O nosso fio condutor da sanidade (acho que posso usar essa imagem) por vezes mostra o quão desencapado vai se tornando ao longo de uma sucessão de desencontros que instruíram ou dilaceraram nossos corações. 


Mas haverá sempre um devir, uma reposição de outros pontos, a iluminação de antigos cantos? Será? 


O Amor tem essa fama de subversivo. Mas a tudo refaz? A todos modifica? O que, de fato, subverte? Ergo-me nessa estrada madrugadora com essas questões. 


“E me perdoe se eu insisto nesse tema

Mas não sei fazer poema ou canção

Que fale de outra coisa que não seja o amor.”


E se o amor é um delírio, porque meus pés jamais tocaram as nuvens em qualquer realidade? Talvez não o seja! O que seria? O que já deixou de ter como apresentação? 


🚧 Texto em construção no tempo das reflexões, podendo, inclusive, ser deletado ou editado a qualquer momento - como a vida também o é! 🚧

22 março 2021

 O corte no ar,

O primeiro ruído

A rasgar meu silêncio... 

O que precede a pele 

Na hora do grito,

Da marca,

Da crava, 

Da insurreição 

Que liberta o afeto

E segura a lambda

Do chicote do Tempo.


O silêncio engasgado 

Quando chego ao mar.

O afogar.

Temer nadar.

Enrugar a pele e

Diluir as cores

Que gritavam desamor,  

Da foz 

Até a arrebentação! 


O que me restou? 

Ser fogo imprudente

(Consumindo a terra,

Corpo e mente e

Os animais e as flores) 

Estrela incandescente 

(Tergiversando com inconsequentes

Desfazendo ditos apaixonados

Tão eternos quanto um risco no céu?)... 

Sou o calor da perfeição 

Que só inexiste -

Ou existe em não-matéria -

Ante a voracidade do desejo! 

Deco Plácido, 22/03/2021

14 março 2021

Sobre chá, flores e peixes

 Por favor, um chá de canela!

Sim, aquele!
Aquele que me lembra dela.

Lembra?

Sim, ela!
Aquela com flores na janela
E olhar de aquarela.

Sim, ela mesma!
Entre todas, a mais bela.

Sim, querido moço, é um chá de canela, com folhinhas de alecrim.
Pouquinhas!
Para eu me lembrar dos signos
E saber que Freud tem a ver com Lua em Peixes
Ah, moço, Freud e Peixes...

Sim, moço, é pra dizer poesia
Cantar alto
E matar a saudade da fantasia.
É pra ela ficar mais um pouco,
Um pouco mais em mim.

Vai demorar pra ficar pronto?
Você entende a urgência do meu canto?
Falo porque os olhos dela me deixaram mudo
De tão mudo, fiz enunciados de todas as dores e cores.

Moço, por favor, meu chá de canela!
Quente, tá?! Mas sem machucar.
Forte, mas sem deturpar.
Saboroso, mas sem enjoar.
Alucinógeno, sim, mas de delírios reais.

É assim que eu quero meu chá
É assim que penso nela

Entendeu porquê tem que ser de canela com alecrim?

Obrigado, moço, por trazer meu chá junto com ela!
Não bastaria ser apenas um chá de pau de canela!
Deco Plácido, 31.7.2015

12 março 2021

Valente 

Impecável no   

lugar tenente 

Do que quero. 

Não é incidental 

Mas fascinante 

Como fractais 

Como café! 

Bebo café,

Cheiro e misturo 

Me transformo

-Ajuda na entrega 

Disfarça 

O cansaço 

Da mente 

Da gente! 

Valente 

Levanto só 

Desafio a incoerência 

Num otimismo 

Inconsequente. 

O desafio 

Já é travado

Bem dentro

Da mente 

Da gente! 

Mais um café. 

Deco Plácido, 12.03.2021

28 fevereiro 2021

 É isso, né? 

Faz parte do vale 

Percorrendo a própria trilha

Descer e subir 


e descer 


e voar. 


Vertigem. 

Equilibrar-se, 

Ter força nas pernas, 

Sorte na coluna, 

Transparência no espírito! 

O apreciar modula a vista, 

Mas é um mergulho

Um esforço... 

Há risco! 

O precipício, 

A queda-livre - 

Ainda não sou água -, 

 E ainda que saiba voar, 

Ainda não sou águia.   

Faz parte do vale,  

Do percorrer montanhas, 

Alucinar o mar e 

Devanear o asfalto.

Expurgar!

Exorcizar alguns quadros

Negociar com meus daemones

Escolher! 

Há trabalho, 

Há risco. 

Encarar a subida, 

Ser

E deixar de ser, 

E não ser outra vez

O inverso da concha -

Não sei se sou chama -,

No avesso da espiral

Não serei o que clama.  


É isso, né? 

É o decorrer do vale,

transcender nas pedras,

Arvorecer na sombra,  

Incandescer ao vento... 

O trote original é solitário! 

Décio Plácido, 28.02.2021

23 fevereiro 2021

Minha

Talhada pelos meus olhos

De suaves e perigosos sonhos

Onde me alieno, 

não tenho cuidados! 


Essa minha

Tão veladamente minha

Projeta fantasias impronunciáveis 

Pensa ser incansável 

A melanina, a fonte, a filosofia! 


Minha 

Nossa estrada será longa

De areia e pedras e conchas

De tijolos amarelos 

E coração de leão! 

Ombreados a cada passo

Amando em cada esquina 


Minha

Que me fala de medos

Que transcende espirais

Hipnotiza tudo

Enquanto ouço e desprendo 

Plácido em seus braços 


Meu totem

Minha preferida

Meu mosaico 

De um amor 

Transado em cores. 

Décio Plácido, 23.02.2021

20 fevereiro 2021

Maiá

 Mãyã

Uma deusa 

O equívoco 


O que os olhos querem 


Mas sem lastro


Ao toque 


De qualquer verdade! 



Mãyã


Uma ficção


Para não se despir 


Da alma deserta 


Uma espécie de sonho 


Arquitetado 


Na realidade desperta 



 Mãyã


O divino que deseja 


Os sentidos em transe 


O paradoxo de Brahman


Tudo fantasia 


Sendo real ou deveras irreal 


O céu das asas de cera 


Ainda tem mais poesia! 


Décio Plácido, 20/02/2021

16 fevereiro 2021

Tridimensional

Três 

(Pelo menos)

Encontros 

Três chances 

Três 

Toques 

Três dias 

Adentrando 

Madrugadas! 

Te aguardo

Espero alegrado 

Mesmo 

Me preparo 

Ajeito a barba

Demoro no espelho

Imagino o mar 

A concha

O amanhecer 

Das estrelas 

A lua que você vê! 

Releio Neruda

E Pessoa 

Marco os versos 

Retomo a letra 

Da mais nossa 

mais nova canção. 

Arrumo a casa

Coloco flores nos travesseiro 

Manjericão no banho

Separo o guarda-roupas 

E junto as escovas! 

Quero o que trazes 

As cores que carrega 

As dores que não cessam 

A alma que venera! 

Tridimensional 

Vem, vem mergulhar 

Traga tudo leve

Traga leve tudo

Vem, vem mergulhar 

Não é tão raso

Talvez dê pra ver o fundo! 

Te aguardo 

Te espero 

Há dias 

Há vidas 

Há dias em que há vida!  

Três noites

Três caminhos 

Um sentido

Polissêmico! 

Décio Plácido, 16.02.2021

11 fevereiro 2021

Tablado

 Desconfiei! Não ouvi clarins

Nem senti o estômago.

Te encontrei na janela do mundo...

Você pareceu algo assim, 

Na minha semana, o melhor assunto 


O amor se oferece enquanto paz 

Mas não passa de um para-raios 

Ou uma bomba-relógio iniciada 

De adjetivos e verbos (que nem sou capaz)

E todo dia, com cautela, há que ser desarmada 


Suspeitei da tranquilidade! 

O amor não me é silencioso

Pode até se esgueirar sorrateiro 

Mas não passa recibo de santidade 

Me arrebata e consome por inteiro! 


“Olha só, olha o Sol”

Vou fazer de toda Sorte um domingo

E escrever poemas e desabafos 

Sem me importar de rimar soul com sal 

Oferecendo meu corpo como seu tablado! 

Deco Plácido, 03.02.2021

O espírito 

Como tal

É uma palavra 

Assim 

Tudo o é. 

Tudo.

O avesso de mim 

Que sou 

Mas também algo

Mais

Bordado de coisas

E cores

(adoro as cores

Do céu do Sol do sal)  e 

Tentando ser 

Ser algo

Onde possa me agarrar 

Carregando o que anima

O que resiste 

De fato

Em mim

É livre.

Livre em conexão 

Mas 

preso às mãos 

Aos sentidos

O avesso de Deus

De intenso 

É um verbo

Que vai 

Que vai sendo!

Décio Plácido 25.01.2021











 E foi assim que amanheci 

Contando a cada estrela 

O que conversamos 

Cada expectativa de rimas 

Toda proximidade 

Os detalhes dos cuidados... 


Demorei para dormir 

Meditando o mar 

Ponderando o desejo

(- Onde já se viu?!)

Uma vez tomado no assalto 

Mergulhar é o mais fundo


O Sol já fechava meus olhos 

Não conseguia escrever

O começar do dia dizia faltar pouco 

E uma dúvida se fez 

A cor dos seus olhos 

É reflexo do que me toma?... 

Décio Plácido, 11.02.2021


14 janeiro 2021

 Expandir 

Tornar imenso

Sentir intenso 

Insistir 

Tomar tento 

Do seu intento 

Progredir 

Tijolo e cimento 

No comando, assento 

Resistir 

Banho de folha e unguento 

Para trás, sem movimento 

Coexistir 

Trazer pra dentro 

Olhar atento 

Contribuir 

Não importa o acento

Se evita o sofrimento

Prescindir 

De culpa e lamento

Do ciclo de renascimento

Erigir 

Campos de cata-ventos

Para a alma em alumbramento 

Traduzir 

Da palavra ao momento

Suor e também talento 

Evoluir 

Do antigo ao coroamento 

No ritmo, sem adiantamento 

Expandir 

Sentir imenso

Tornar intenso 

Mais do Mesmo Alívio!!!