26 junho 2023

Nada no radar

parei de escrever. 

uma dor profunda,

coisa que inunda,

que faz desvanecer.


sem ideia inspirada.

nada no radar.

vazio de assombrar 

em cada mirada.


papel e quebranto 

dedo em riste, 

marca de pranto.


há quem assiste,

mesmo de canto,

este poema triste. 


18 junho 2023

Esperando você

Você parou de me ler.
Seus olhos eram um norte. 
Agora, sem qualquer sorte, 
o demônio volta à porta. 
Quero crer que você se importe.

Você calou os comentários.
Suas carinhas e reações e 
essas coisas que sugerem ações. 
Eu recebia o carinho com deferência...
O que você me diz de emoções?

Você parou de me ler?
Por que tal infortúnio no destino?
Só falo de verdades e desatinos,
mesmo escrevendo aos quatro ventos.
Ser amado é mesmo uma forma de instinto?

Me acostumar com a ausência?
Seria uma forma gauche de morte.
Sentirei sempre como um corte,
ainda que cosido pelo tempo.
Que situação! Não há o que conforte. 

Você parou de me ler.
E eu vou escrever vários ninhos.
E se visitar as letras de fininho
e elas nada disserem de seu avistar, 
de qualquer jeito, haverá um caminho.

06 junho 2023

Confissão

Perdi uma parte do meu corpo.

Não desta nem tão densa matéria líquida,

mas feita de outra substância inexata...

O que importa é que agora ando torto.


Faltando um pedaço será agora meu nome.

Mas ainda me mantenho de pé e altivo,

mas com um cacoete insistente no pensar

como quem ouvida usar os pronomes.


Perde-se tanto por ganância nestes tempos

Entreguei um amoroso poema aos crocodilos

Não sei se será meu outra vez. Aviltadores!

Preciso de um mecenas em meu intento.  


Perdi uma parte do meu inestimável corpo.

Não me questione o tamanho do rombo...

Poderia ser a mínima fantasia sexual aleatória,

Mas, se houver comparativo, vira um tiro no dorso. 


Faltando um pedaço! Serei conhecido como tal.

Vagando por aí, escrevendo alhures.

Tudo por um concurso, uma vaidade doida

Onde sabemos que the winner takes it all.


Mais do Mesmo Alívio!!!