22 maio 2025

Ventana

Eu deixei a janela entreaberta. 

Queria ver seu voo.

Saber se já tinha rumo.

De ti eu não destoo.

Um passo sem pensar - na certa 

Deixa tudo fora do prumo. 


Eu deixei a janela entreaberta.

Não pensando que voltarias.

Mas caso quisesses, não é? 

Minha opinião jamais saberias.

Manteria minha palavra coberta.

Agora, só mergulho onde dá pé. 


E soprou um vento frio.

Que refrescou meu olhar curioso,

Mexeu com meu humor, meus brios. 

De vez em quando, Deus acerta 

Muitas vezes, dano de ser teimoso. 


Eu deixei a janela entreaberta 

Pro amor correr solto.

Sem grilhões, fantasias ou desilusões. 

Não estou ficando louco,

Há um desejo que liberta, 

E prescinde de conselho ou sermões. 

 

Não é a entrada mais apropriada

Tampouco é uma melhor saída 

Não há expectativa criada 

Nem qualquer sinal de alerta

De uma nova afeição parida. 


Eu deixei a janela entreaberta 

Até dá pra ver um pedaço do céu 

De tudo que resta em meu espaço… 

Eu sei que quem nunca viu mel, 

Por mais pra frente e mente aberta,

Se atrapalha todo com melaço. 


E pela fresta passam mundos.

O que não e o que quero inteiro.

De poucas certezas me inundo,

Sei onde cada dúvida aperta.

Apaixonar? Só se for bem ligeiro. 


Eu deixei a janela entreaberta 

E além de você, só o gato debandou. 

Coloquei farelo para os passarinhos…

Não vieram, mas nem tudo se acabou

Pela fresta, tem a luz que liberta 

Nos passos que são dados de mansinho. 

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