30 abril 2023

O mar que eu vejo

 Daqui, eu vejo o mar,

Sinto as nuvens que me levam, e

Como não sei voar, me esbarro

Entre os prédios que se elevam

Daqui até lá.


Vejo do alto, bem do alto.

Onde passeiam o gavião,

Os sonhos e os sobressaltos...

Se me atrapalho, é com a chuva de verão.

Voltando ao mar, de volta ao chão.


Mas o mar é um espelho, não é?

Me re-vejo na imensidão e nas ondas

De pouco contorno em cada maré,

Por certo, um oráculo em ação.

Por aqui, por ali, se é que é (para ir).


O mar. La mer, dizem os franceses!

La mer, um Mulher, uma Mãe

A gênese de tudo que se é.

Daqui, de onde vejo, de tão alto

Escuto, em tom solene, seus dizeres.

23 abril 2023

 Do fundo do (a)mar.

daquela estrelinha-do-mar

passando por todos os oceanos.

E de tão grande

faz mexer as placas da terra

e assim fará por muitos anos.


Passando pelas algas

pelo espelho d´água

Cobre ilhas, bagunça o ar.

De tão espaçoso

resvala em todos os seres

e assim fará até nos encontrar.


Ultrapassa onde respiro,

não se acertaria com um tiro.

Além foguetes, além dos condores, dos aviões.

De tanto faltar palavras,

de múltiplos sentidos está crivado.

Vão à longínqua estrela do céu nossas emoções.


Se é feito para durar,

com tanto espaço para curar,

um abraço entre são paulo e salvador...

Entre o profundo e o alto,

entre as estrelas deste poema,

Para amar tem que ser desbravador.


21 abril 2023

 Escrevo para que as palavras te encontrem,

Te rondem, afaguem, te deliciem.

Faço, assim, vestes imaginárias

Que te cobrem, e te despem.

Tudo com requinte; não me julgue

De tomar ações ordinárias.


Escrevo para te acordar,

Pra gente andar, correr, quem sabe namorar.

Tenho tantos sonhos deliciosos

Que cabem em nosso caminhar, e

Tem espaço para suas edições em

Nossos encontros portentosos.


Escrevo porque sou semitímido...

As palavras sabem onde me intimido.

Por isso corro como um rio e

Não existe curso sofrido.

Se lanço mão dos óculos escuros, é

Porque o amor está sempre por um fio.


Escrevo porque não conheço outro jeito. 


15 abril 2023

Poema do avião 

Em um minuto

Saí do chão 

Era um condor 

Um beija-flor ousado

Passarinho

Gigante

Passarão. 


Era um pedaço de nuvem 

Que espelha a imaginação 

Um cachorro com asas 

No céu, um tubarão. 


Saí do chão 

Em um minuto

Fiz um poema

Um espaço vazio 

Um mergulho pro alto 

Uma imensidão 

Era o caos

Era o tema. 


Era um pedaço de nuvem 

Que espelha a imaginação 

Uma sereia de duas caldas

Se desfaz no rastro do avião. 


Saí do chão 

Num repente 

Saiu uma rima

No ar 

Artificial 

A solidão ao decolar 

Impaciência pra pousar 

Que maravilha ver de cima. 


Era um pedaço de nuvem 

Que espelha a imaginação 

Que diz do que penso 

E referencia uma velha canção 


Saí do chão 

E uma rima 

Se postou de repente 

Voo comprido 

De pouca turbulência 

Lembranças e voo-cego 

Uma vida 

Pra botar pra frente. 


Era um pedaço de nuvem 

Que espelha a imaginação. 

Mais do Mesmo Alívio!!!