29 março 2021

Não se cabe totalmente em fetiches. 

Não se é a fantasia que se veste.


Eu não aplaudo tirania, 

Tampouco sou unguento disponível. 

Sou do barro, da noite azeviche. 

Sou o avesso da vilania! 


Se o que resta é um pálido drama, 

Sou mesmo gente antes de poesia. 


Não sou dado à correria. 


De onde venho, não é bom alvitre 

Perder-se em si, achar no outro 

Todo momento, toda alegria. 


Não sou fonte ou reflexo de azia - 

Já disse que transbordo o estabelecido.

Invento estórias e estouros

Para integrar (plácido) a melodia. 


Já sou maior que o meu molde!

Colhi flores, senti o vento, juntei pedras e

Nas noites de pranto e disritmia 

Senti de tudo e bebi uns goles. 

Ultrapassei as barreiras do que foi guia! 

Décio Plácido, 27.03.2021 

(mas caberia em 1979 também)!

28 março 2021

 É preciso rasgar alguns espaços. 

Não que os invada por dolo

Ou que sejam destinados a outros,

Mas porque já se sabe sem embaraço

Que satisfação não cai no colo...

Não tardam desafios na rota do ouro


É preciso abrir a casca! 

Escrutinar cada arranjo feito,

Cada decisão tomada em segredo.

Ora retirando lasca por lasca 

Ora tomando força e jeito 

Do poente atravessando os prédios!


É urgente fazer frestas! 

Fazer em todo canto lumieiro,

Nem que se rasgue o firmamento.

A luz ajuda na acomodação das arestas...

Um querer já não tão estrangeiro. 

Existir não mais como paisagem, e sim alimento! 

Décio Plácido, 28/03/2021

24 março 2021

 Com licença para ser apenas poeta! 


O encontro com o outro é sempre o face-a-face com o desconhecido, com uma paleta carregada de cores, cheia de nuances que jamais imaginaríamos, soluções artística diferentes... outra idiossincrasia! 


Mas até certo ponto. 


Muito do que reconhecemos nas outras pessoas (caos, instabilidade, características que arbitramos valores, afetos, intolerâncias, preconceitos e toda sorte de emoções e sentimentos) existe de alguma forma em nós mesmos - como desculpa ou projeto. Não há como REconhecer sem ter conhecido previamente (parece óbvio, mas não pra tod_s); algumas vezes, em nossas próprias experiências solitárias e particulares. 


O nosso fio condutor da sanidade (acho que posso usar essa imagem) por vezes mostra o quão desencapado vai se tornando ao longo de uma sucessão de desencontros que instruíram ou dilaceraram nossos corações. 


Mas haverá sempre um devir, uma reposição de outros pontos, a iluminação de antigos cantos? Será? 


O Amor tem essa fama de subversivo. Mas a tudo refaz? A todos modifica? O que, de fato, subverte? Ergo-me nessa estrada madrugadora com essas questões. 


“E me perdoe se eu insisto nesse tema

Mas não sei fazer poema ou canção

Que fale de outra coisa que não seja o amor.”


E se o amor é um delírio, porque meus pés jamais tocaram as nuvens em qualquer realidade? Talvez não o seja! O que seria? O que já deixou de ter como apresentação? 


🚧 Texto em construção no tempo das reflexões, podendo, inclusive, ser deletado ou editado a qualquer momento - como a vida também o é! 🚧

22 março 2021

 O corte no ar,

O primeiro ruído

A rasgar meu silêncio... 

O que precede a pele 

Na hora do grito,

Da marca,

Da crava, 

Da insurreição 

Que liberta o afeto

E segura a lambda

Do chicote do Tempo.


O silêncio engasgado 

Quando chego ao mar.

O afogar.

Temer nadar.

Enrugar a pele e

Diluir as cores

Que gritavam desamor,  

Da foz 

Até a arrebentação! 


O que me restou? 

Ser fogo imprudente

(Consumindo a terra,

Corpo e mente e

Os animais e as flores) 

Estrela incandescente 

(Tergiversando com inconsequentes

Desfazendo ditos apaixonados

Tão eternos quanto um risco no céu?)... 

Sou o calor da perfeição 

Que só inexiste -

Ou existe em não-matéria -

Ante a voracidade do desejo! 

Deco Plácido, 22/03/2021

14 março 2021

Sobre chá, flores e peixes

 Por favor, um chá de canela!

Sim, aquele!
Aquele que me lembra dela.

Lembra?

Sim, ela!
Aquela com flores na janela
E olhar de aquarela.

Sim, ela mesma!
Entre todas, a mais bela.

Sim, querido moço, é um chá de canela, com folhinhas de alecrim.
Pouquinhas!
Para eu me lembrar dos signos
E saber que Freud tem a ver com Lua em Peixes
Ah, moço, Freud e Peixes...

Sim, moço, é pra dizer poesia
Cantar alto
E matar a saudade da fantasia.
É pra ela ficar mais um pouco,
Um pouco mais em mim.

Vai demorar pra ficar pronto?
Você entende a urgência do meu canto?
Falo porque os olhos dela me deixaram mudo
De tão mudo, fiz enunciados de todas as dores e cores.

Moço, por favor, meu chá de canela!
Quente, tá?! Mas sem machucar.
Forte, mas sem deturpar.
Saboroso, mas sem enjoar.
Alucinógeno, sim, mas de delírios reais.

É assim que eu quero meu chá
É assim que penso nela

Entendeu porquê tem que ser de canela com alecrim?

Obrigado, moço, por trazer meu chá junto com ela!
Não bastaria ser apenas um chá de pau de canela!
Deco Plácido, 31.7.2015

12 março 2021

Valente 

Impecável no   

lugar tenente 

Do que quero. 

Não é incidental 

Mas fascinante 

Como fractais 

Como café! 

Bebo café,

Cheiro e misturo 

Me transformo

-Ajuda na entrega 

Disfarça 

O cansaço 

Da mente 

Da gente! 

Valente 

Levanto só 

Desafio a incoerência 

Num otimismo 

Inconsequente. 

O desafio 

Já é travado

Bem dentro

Da mente 

Da gente! 

Mais um café. 

Deco Plácido, 12.03.2021

Mais do Mesmo Alívio!!!