28 fevereiro 2021

 É isso, né? 

Faz parte do vale 

Percorrendo a própria trilha

Descer e subir 


e descer 


e voar. 


Vertigem. 

Equilibrar-se, 

Ter força nas pernas, 

Sorte na coluna, 

Transparência no espírito! 

O apreciar modula a vista, 

Mas é um mergulho

Um esforço... 

Há risco! 

O precipício, 

A queda-livre - 

Ainda não sou água -, 

 E ainda que saiba voar, 

Ainda não sou águia.   

Faz parte do vale,  

Do percorrer montanhas, 

Alucinar o mar e 

Devanear o asfalto.

Expurgar!

Exorcizar alguns quadros

Negociar com meus daemones

Escolher! 

Há trabalho, 

Há risco. 

Encarar a subida, 

Ser

E deixar de ser, 

E não ser outra vez

O inverso da concha -

Não sei se sou chama -,

No avesso da espiral

Não serei o que clama.  


É isso, né? 

É o decorrer do vale,

transcender nas pedras,

Arvorecer na sombra,  

Incandescer ao vento... 

O trote original é solitário! 

Décio Plácido, 28.02.2021

23 fevereiro 2021

Minha

Talhada pelos meus olhos

De suaves e perigosos sonhos

Onde me alieno, 

não tenho cuidados! 


Essa minha

Tão veladamente minha

Projeta fantasias impronunciáveis 

Pensa ser incansável 

A melanina, a fonte, a filosofia! 


Minha 

Nossa estrada será longa

De areia e pedras e conchas

De tijolos amarelos 

E coração de leão! 

Ombreados a cada passo

Amando em cada esquina 


Minha

Que me fala de medos

Que transcende espirais

Hipnotiza tudo

Enquanto ouço e desprendo 

Plácido em seus braços 


Meu totem

Minha preferida

Meu mosaico 

De um amor 

Transado em cores. 

Décio Plácido, 23.02.2021

20 fevereiro 2021

Maiá

 Mãyã

Uma deusa 

O equívoco 


O que os olhos querem 


Mas sem lastro


Ao toque 


De qualquer verdade! 



Mãyã


Uma ficção


Para não se despir 


Da alma deserta 


Uma espécie de sonho 


Arquitetado 


Na realidade desperta 



 Mãyã


O divino que deseja 


Os sentidos em transe 


O paradoxo de Brahman


Tudo fantasia 


Sendo real ou deveras irreal 


O céu das asas de cera 


Ainda tem mais poesia! 


Décio Plácido, 20/02/2021

16 fevereiro 2021

Tridimensional

Três 

(Pelo menos)

Encontros 

Três chances 

Três 

Toques 

Três dias 

Adentrando 

Madrugadas! 

Te aguardo

Espero alegrado 

Mesmo 

Me preparo 

Ajeito a barba

Demoro no espelho

Imagino o mar 

A concha

O amanhecer 

Das estrelas 

A lua que você vê! 

Releio Neruda

E Pessoa 

Marco os versos 

Retomo a letra 

Da mais nossa 

mais nova canção. 

Arrumo a casa

Coloco flores nos travesseiro 

Manjericão no banho

Separo o guarda-roupas 

E junto as escovas! 

Quero o que trazes 

As cores que carrega 

As dores que não cessam 

A alma que venera! 

Tridimensional 

Vem, vem mergulhar 

Traga tudo leve

Traga leve tudo

Vem, vem mergulhar 

Não é tão raso

Talvez dê pra ver o fundo! 

Te aguardo 

Te espero 

Há dias 

Há vidas 

Há dias em que há vida!  

Três noites

Três caminhos 

Um sentido

Polissêmico! 

Décio Plácido, 16.02.2021

11 fevereiro 2021

Tablado

 Desconfiei! Não ouvi clarins

Nem senti o estômago.

Te encontrei na janela do mundo...

Você pareceu algo assim, 

Na minha semana, o melhor assunto 


O amor se oferece enquanto paz 

Mas não passa de um para-raios 

Ou uma bomba-relógio iniciada 

De adjetivos e verbos (que nem sou capaz)

E todo dia, com cautela, há que ser desarmada 


Suspeitei da tranquilidade! 

O amor não me é silencioso

Pode até se esgueirar sorrateiro 

Mas não passa recibo de santidade 

Me arrebata e consome por inteiro! 


“Olha só, olha o Sol”

Vou fazer de toda Sorte um domingo

E escrever poemas e desabafos 

Sem me importar de rimar soul com sal 

Oferecendo meu corpo como seu tablado! 

Deco Plácido, 03.02.2021

O espírito 

Como tal

É uma palavra 

Assim 

Tudo o é. 

Tudo.

O avesso de mim 

Que sou 

Mas também algo

Mais

Bordado de coisas

E cores

(adoro as cores

Do céu do Sol do sal)  e 

Tentando ser 

Ser algo

Onde possa me agarrar 

Carregando o que anima

O que resiste 

De fato

Em mim

É livre.

Livre em conexão 

Mas 

preso às mãos 

Aos sentidos

O avesso de Deus

De intenso 

É um verbo

Que vai 

Que vai sendo!

Décio Plácido 25.01.2021











 E foi assim que amanheci 

Contando a cada estrela 

O que conversamos 

Cada expectativa de rimas 

Toda proximidade 

Os detalhes dos cuidados... 


Demorei para dormir 

Meditando o mar 

Ponderando o desejo

(- Onde já se viu?!)

Uma vez tomado no assalto 

Mergulhar é o mais fundo


O Sol já fechava meus olhos 

Não conseguia escrever

O começar do dia dizia faltar pouco 

E uma dúvida se fez 

A cor dos seus olhos 

É reflexo do que me toma?... 

Décio Plácido, 11.02.2021


Mais do Mesmo Alívio!!!