Sei lá tem sido tão usual
Já não me lembro de algo concreto
De substância, de impacto
Só de alheamento e tiro incerto
Fugiram todas as certezas
O verbo a poesia e a coroa
Amar sem conhecer é amor?
Duvidar da falta de saber é crer?
Sei lá é o desespero na língua
É o espelho invertido, de costas
Sei lá é a ausência de um sujeito apaixonado
É a principal defesa contra os outros...
Dissiparam-se todas as dúvidas e
O aperto das pálpebras desconfiadas
A boca que se entorta é derrame?
E a testa franzida, é surpresa?
Sei lá!
Sei lá é a falta de interesse,
Mas o que mesmo ficou no lugar?
Sei que não estou apartado mundo-de-fora
Mas sem interesse, o que me ligaria a ele?
Ando me despindo de fantasias literárias
Ando me vestindo de não-sei
Passeio sobre pernas ansiosas
Para chegar. Onde e como? Sabe-se lá...
Nenhum comentário:
Postar um comentário