05 maio 2021

Sem poesia

Hoje está bem difícil ser eu! 

Pensamentos desordenados assombrando. 

A dor não está no corpo,

Mas é ele que está me matando.


Os minutos passam como farpados.

Não consigo imaginar os destroços 

De tudo isso que está me cercando, 

Mas nunca pensei em por a alma pra negócio. 


Não consigo parar de chorar, 

Mas não quero deixar a tarde seguir. 

Um grito contido, um estouro abafado

Faz isso: a substância do corpo sumir.


Hoje é dia de xingar Deus em vão! E

De perder o tom da autocrítica! 

A falta de predicado para essas horas 

Fazem com que morram sem motivo ou direção. 


É ininteligível esse sofrimento: 

Cabe nesse conjunto de órgãos e tecidos,

Sem estar de fato ou direito em um lugar...

Já são tantas lágrimas (nada conhecido!).


Hoje está bem difícil ser honesto

E ter uma ilusão de fidelidade ao desejo. 

Quando tudo está pelo golpe presto, 

Nenhum sorriso se resume inteiro! 


Não sei se são as chuvas de maio; 

As mortes cruéis da pandemia; ou

Os ossos que não param de morrer...

Tudo isso era o que ontem me afligia! 


Hoje, nessa impossibilidade de dizer, no vácuo 

Mal-conheço, desconheço, irreconheço

Isso que me rouba o chão. 

Tudo é um buraco no apreço!


Hoje está bem difícil ser eu, 

E não tenho uma palavra que me conforte,  

Nem um amigo antigo, irmão mais velho 

Que seja mais esperto, bonito ou forte. 

Deco Plácido, 05/05/2021

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