08 janeiro 2015

Contagem

São pelos meus vinte segundos desfazendo o sorriso
ou pelos mais de vinte anos de sonhos cansado de trocar as personagens
São pelos vinte séculos de labilidade emocional
ou pelos vinte minutos para organizar minhas coisas e sair
São vinte desejos disfarçados de beijos
E o mesmo tanto de maldade travestida de travessuras.
São apenas vinte de você para um milhão de eus 
São vinte oceanos de amor
E apenas vinte escaninhos para tudo acomodar
Foram vinte noites de amor, amor, sexo e mais amor
E foram apenas vinte palavras desencontradas
Um frase dita em vinte segundos: sem sujeito real ou objeto genuíno
São vinte desejos disfarçados de beijos
E o mesmo tanto de maldade travestida de travessuras.
Foram vinte e tantos mais beijos
Até que vinte eles eram verdadeiros para mim e para você?
São as vinte qualidades e defeitos que esperei
Foram os vinte minutos mais longos, pois estava no meio do nada. 
São vinte desejos disfarçados de beijos
E o mesmo tanto de maldade travestida de travessuras.
Mas não lamento não ter vinte e poucos sonhos.

19 dezembro 2014

Saúde!

Quando falta saúde 
Quando a alma padece 
Sobra falta de amor
Dispara o termômetro da ansiedade 
E da dor...
Falta Estado,
Falta posto,
Falta médico, técnico, psicólogo
Sobre escárnio, desculpas e angústias 
Quando falta saúde 
Quando o corpo está alquebrado
E o comprimidos são mais comuns que os alimentos 
O amor se fragiliza 
E é testado no seu estado bruto.
Quando falta saúde 
Nesse mundo-cão de correria
De rapidez de produção 
(Afinal ainda são tempos modernos)
Sobra desconfiança 
E desrespeito às letras da lei. 
Quando falta saúde 
Desfaz-se a condição humana
Sobra um corpo violentado e sem vitalidade,

16.12.14 

25 novembro 2014

Cores

Fui invadido por uma saudade 
Não era de gente
Tampouco era de um lugar 
ou uma situação específica ... 
Era saudade de algo colorido!
Uma sensação de arco-íris 
Um segundo de Renoir 
Um instante de Gaudí 
Um vida numa aquarela de vívidas cores!
Saudade de poemas coloridos...
Um coisa como o gradil do Bonfim cheio de cores agitadas pelo vento...
Ou livro de criança pequena e pequena. 
Uma paleta caledoscópica... sem ácido.
Por um instante eu tive a certeza, 
daí a saudade - penso,
Que meu corpo, ou meu espírito, fora, ou é, 
todo de todas as cores ao mesmo tempo...
Tudo isso entre o café com leite e uma torrada sem geléia - em sépia. 

13 novembro 2014

Almas

Permita sempre que sua alma voe 
Começando pelo seu quarto
Até que ganhe distâncias maiores
Deixe que voe e aproveite a vista 

Nesses passeios reconhecemos as coisas
Podemos vê-las de cima pra baixo e de trás pra frente 
Voe, divirta-se ou se entristeça 
Mas deixe sempre sua alma te guiar

Em cada saída uma coisa para mudar
Ou, então, algo para não se desfazer tão  prontamente
Só a alma pode olhar o que está por trás de uma fotografia
Enquanto estamos diante dela. 

Voe com sua alma sempre
Mas isso só vale em tempos de calma
Pois uma alma em cólera 
Voa às cegas e te despe de qualquer humanidade. 
Retira-lhe a sobriedade revirando seus olhos. 

Mas voe sempre com sua alma
Quando nada, será um mergulho 
Profundo o suficiente - sem traumas físicos. 
Não existe alma rasa. 

09 novembro 2014

Tarja preta

Quero dizer que parei
com os tarjas pretas
com os sorrisos amarelos
com a camisa aberta até o peito

Quero avisar que não dá mais
para dividir intimidade 
para morrer de ansiedade 
para assistir aos filmes mal acompanhada

Quero dizer que parei
de comer qualquer coisa
de comer qualquer um
de comer sem forme, mesmo com muita gula

Quero avisar que não dá mais 
pra ir para a academia pensando no outro 
pra ter fé sem me conhecer primeiro
pra amar sem ter uma música e alguns segredos

Quero dizer que parei 
de me obrigar às suas obrigações 
E que já não dá mais 
para sorrir e chorar pelas suas contradições 

Quero dizer que parei com os tarjas pretas.

28 outubro 2014

Alógico

nada me ocorre
nada em meu peito corre
bate,  mas não doe
bate, mas não se mexe
até circula, mas é estático
um alucinação
e nada me ocorre.
falo e só o silêncio escorre
deve ser porque falo com os olhos
olhos de penetrar
boca de fazer chorar
ouvidos que permitem beijar
outra alucinação
e nada me ocorre.
uma escrita cansada
de remédios obnubilada 
sem gosto e com tantas paradas
paradas de outro tempo, alógico 
psicose em franca ação
e nada me ocorre.
talvez deva voltar daqui
mas a vida a cama estão muito quentes...
tenho coração de poeta e mãos de jogador
ou seria
as mãos de um poeta e um coração que há muito parou
nada me ocorre neste instante. 

Mais do Mesmo Alívio!!!