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13 março 2018

Temporada de pedras

Pinga
Vejo gotejar
Percebo escancarar as entranhas
Quando desce pelo equipo

Tramadol
Morfina
Umas doses de calma
Num corpo que grita

Enfermeiras
Luzes acesas
Afere a pressão, mede temperatura
E meu corpo é só uma massa

Estar no hospital é tão mortal quanto nascer

Pinga antibiótico
Aumenta o antinflamatório
A prisão de ventre
Dá voz a minha dor inconsciente

Qual o aprazamento?
- Pergunto para a pitonisa
O médico não mudou
E os novos bisturis invadem meus ouvidos

Nego a gravidade
Barganho com os Orixás
Aceito a dor nas costas
Converso com meus cálculos renais

Estar no hospital é tão entediante quanto morrer

Pinga
Pinga, enfermeira
Um pingo de humanidade
Neste corpo já tão sem vontades

Goteja lágrimas
Espera o maqueiro
O roupão não cabe
Esse quarto pequeno não cabe qualquer vaidade

Desce pra tomo
Ultrassom e raio x
E o frio só não congela
A tortura de sofrer por qualquer dor

Estar no hospital é tão esquizofrenizante quanto todo dissabor.
Décio Plácido Neto, 13.03.2018

19 dezembro 2014

Saúde!

Quando falta saúde 
Quando a alma padece 
Sobra falta de amor
Dispara o termômetro da ansiedade 
E da dor...
Falta Estado,
Falta posto,
Falta médico, técnico, psicólogo
Sobre escárnio, desculpas e angústias 
Quando falta saúde 
Quando o corpo está alquebrado
E o comprimidos são mais comuns que os alimentos 
O amor se fragiliza 
E é testado no seu estado bruto.
Quando falta saúde 
Nesse mundo-cão de correria
De rapidez de produção 
(Afinal ainda são tempos modernos)
Sobra desconfiança 
E desrespeito às letras da lei. 
Quando falta saúde 
Desfaz-se a condição humana
Sobra um corpo violentado e sem vitalidade,

16.12.14 

04 abril 2013

sortilégio

E, como num sortilégio incompreensível, tudo calou.
Nem mais uma voz,
nem mais uma lembrança,
nem recuperação
nem cuidado
nem dança.
Só os nervos falam
num dialeto embriagado de desconforto
de cansaço.
Só os nervos sussurram
quebrantos de neurotransmissores.
Só os nervos rabiscam
sinapses caóticas...
Qualquer morfina
não passa de oásis,
desilusão fotográfica.
E quando a dor grita
o silêncio da alma precipita...
E tudo cala.

Mais do Mesmo Alívio!!!