06 agosto 2014

Se o amor não for o tempo é o seu amigo mais íntimo.

Lágrima de ter

Afeto pleno para equívoco da

Intenção pulsando um

Gesto sempre

Presto e ligeiro

Raiva do que se tornou

Estranho sem controle do próprio

Ímpeto que desembocou em

Traição e sempre acaba

Crueldade e gozo

T

E

M

P

O

Limpa e se não der

Desintoxica pois só assim te

Liberta então você pode

Engravidar e deixar que seu afeto

Renasça e se resinifique


01 agosto 2014

Lótus

Minhas palavras viram pó assim que se criam
Assim que ganham corpo, perdem a forma
Caem sobre o papel e sobre o chão
Virando frases soltas, sem fronteiras ou integração

Elas são os vestígios, o pó, de minha memória
O que sobra do sexo
Do abraço malicioso
Do beijo arrancado

Elas são os vestígios indecisos
E por isso não se criam
Elas são os vestígios perturbados
E por isso não se formam

São palavras secas
Que quase não têm alma
São palavras em momentos tensão
Esperando por serem partes do amor

Minhas palavras viram pó assim que se criam
Vão assim para o mundo
E talvez encontrem água
E talvez façam lama

E de lá, como a lótus, possa sair um poema. 

29 julho 2014

Acordar

What a surprise!
What a cliche
Meu corpo ardendo
O medo chegando
Sua mão no meu peito
Meu desejo em sua boca

It’s cool
It’s very nice
A hora quase chegando
E a permanência deu lugar ao sol
Minhas roupas ainda abertas
Suas mãos percorrendo o que me cega

It got out of control
It’s turning into our lives
À semelhança da luzes de natal
Fomos chegando das estrelas
Seu batom que ficou comigo
E meu cheiro que guardaste na bolsa

We’re a self made lovers
Increasing pain ‘d kindness at once
Na sabedoria da meia gota
Cortada pelo fio da sombra
Você não fecha o botão da calça
E eu me despeço do que um dia foi sonho.


(09/02/06 – Deco Plácido)

20 julho 2014

Inundada

Às vezes se é inundada
Sentimentos, pensamentos - tormentos! 
E o corpo não se define
Entre epifania e mera possessão. 

Às vezes se é inundada
E chorar é a única salvação 
Nas lágrimas cabem de tudo
Dor, alegria, até mesmo uma canção. 

Às vezes se é inundada
Pode ser uma prenhez - 
O galardão de estar grávida 
E invariavelmente parir a si mesma. 

Eu fui inundada
E senti a febre dos que não morrem
Era uma beijo de folhetim 
E era a reflexão mais profunda e honesta sobre mim. 

Ser inundada pode ser arriscado
Ser mergulhada é perigoso. 

17 julho 2014

Tempo e vento

O amor é assim: chega e fica e ponto! Não te pergunta do aluguel ou do vazamento da torneira... do ferrolho enferrujado da porta, nem pensar... 
Ele (isso, porque não é gente) chega e finca os pilares do seu espaço - e aí fudeu! Se eu não duvidasse de uma construção teórica, de uma inundação  neuroquímica cerebral, ou de algum mecanismo psicológico, diria que é um parasita - daqueles que cuidam bem do hospedeiro até o abandonar - limpam seus defeitos, amenizam suas imperfeições, retiram as camadas epiteliais inúteis, mas, invariavelmente, precisam de outro ser vivo - é da natureza, e vai seguir o destino ( uma aparição tem destino ou propósito?) 
O amor é assim: chega e vai ficando; quanto mais fica mais é de dentro... Até que no desvirar da vida ele vai com o vento. Amor é tempo e vento. 

16 julho 2014

A moça que me viu

Foi aquela moça 
Que transformou meu setembro em abril
Foi aquela moça, aquela
Que de tão baratinada, tudo sabia e sorriu

Foi daquela moça
D'onde a flecha saiu
Foi daquela moça - cheia de tanto não-sei
Que brotou energia pr'um coração tão pouco juvenil

Foi ela, foi sim! 
Que tirou minha alma pra dançar 
Foi ela, eu digo, foi sim
Que arrancou minhas roupas pr'eu em volta da fogueira poder andar. 

Foi aquela moça 
Dos olhos desbravadores
Foi aquela moça, foi ela
- Que deve ter parte com São Miguel
Que não basta ver nosso avesso 
Mas como uma oração firme e persistente
Ela tem os olhos de desvirar gente. 

Mais do Mesmo Alívio!!!