13 novembro 2014

Almas

Permita sempre que sua alma voe 
Começando pelo seu quarto
Até que ganhe distâncias maiores
Deixe que voe e aproveite a vista 

Nesses passeios reconhecemos as coisas
Podemos vê-las de cima pra baixo e de trás pra frente 
Voe, divirta-se ou se entristeça 
Mas deixe sempre sua alma te guiar

Em cada saída uma coisa para mudar
Ou, então, algo para não se desfazer tão  prontamente
Só a alma pode olhar o que está por trás de uma fotografia
Enquanto estamos diante dela. 

Voe com sua alma sempre
Mas isso só vale em tempos de calma
Pois uma alma em cólera 
Voa às cegas e te despe de qualquer humanidade. 
Retira-lhe a sobriedade revirando seus olhos. 

Mas voe sempre com sua alma
Quando nada, será um mergulho 
Profundo o suficiente - sem traumas físicos. 
Não existe alma rasa. 

09 novembro 2014

Tarja preta

Quero dizer que parei
com os tarjas pretas
com os sorrisos amarelos
com a camisa aberta até o peito

Quero avisar que não dá mais
para dividir intimidade 
para morrer de ansiedade 
para assistir aos filmes mal acompanhada

Quero dizer que parei
de comer qualquer coisa
de comer qualquer um
de comer sem forme, mesmo com muita gula

Quero avisar que não dá mais 
pra ir para a academia pensando no outro 
pra ter fé sem me conhecer primeiro
pra amar sem ter uma música e alguns segredos

Quero dizer que parei 
de me obrigar às suas obrigações 
E que já não dá mais 
para sorrir e chorar pelas suas contradições 

Quero dizer que parei com os tarjas pretas.

28 outubro 2014

Alógico

nada me ocorre
nada em meu peito corre
bate,  mas não doe
bate, mas não se mexe
até circula, mas é estático
um alucinação
e nada me ocorre.
falo e só o silêncio escorre
deve ser porque falo com os olhos
olhos de penetrar
boca de fazer chorar
ouvidos que permitem beijar
outra alucinação
e nada me ocorre.
uma escrita cansada
de remédios obnubilada 
sem gosto e com tantas paradas
paradas de outro tempo, alógico 
psicose em franca ação
e nada me ocorre.
talvez deva voltar daqui
mas a vida a cama estão muito quentes...
tenho coração de poeta e mãos de jogador
ou seria
as mãos de um poeta e um coração que há muito parou
nada me ocorre neste instante. 

20 outubro 2014

Destemido

Apaixonar-se é algo definitivamente para os destemidos. O que dizer quando você se apaixona pela ideia daquela coisa ou daquela pessoa. Estou falando de algo diferente do fanatismo, da tietagem, do platonismo. 
Apaixonamento sér
io, com frio na espinha e borboletas imperiais no estômago - com direito à insônia, à escrita de poemas ou à busca de textos, pequenos mimos, que, supostamente, agradariam ao ser em questão.
Mudando as ações dar-se-ia o mesmo por uma coisa - estudar, pesquisar, malhar e um apanhado de comportamentos de aproximação da sua paixão.
Voltando às pessoas...
Não é incrível ter uma pontada de ciúme de alguém que você só reconhece a voz? Mas essa voz, por hora, é tudo que se tem.
Vai chegando o dia do encontro - tudo para ser maravilhoso, afinal já conversamos sobre tudo e nos conhecemos o suficiente.
Engano.
A ideia de alguém pode ser bem diferente deste alguém quando tudo acontece “ao vivo”, pense no risco (o será sempre em qualquer situação) quando isto começa no virtual, de dentro da caverna de Platão.
Parafraseando Euclides da Cunha, o apaixonado é antes de tudo um forte.
Debaixo e acima dos quatro elementos ele quer ver, sentir, testar a própria felicidade do encontro com o que um dia foi verbo e agora se transformou em matéria física.
Telefone não tem cheiro, whatsapp não tem sabor...
Decepção? É uma possibilidade do quebra-cabeça amoroso, mas com isto lidarei quando e se for necessário.



19 outubro 2014

14 outubro 2014

Não é vento!

fico na dúvida 
seria o amor ou a paixão um redemoinho?
uma ideia que gira incessantemente
parecendo mover seu cérebro de lugar
um vento que faz revoar papéis 
um sopro espiralado
que move folhas, galhos secos e coisas não visíveis

os mais velhos e sábios dizem que é Exu
outros, como outras sabedorias, dizem: - é o coisa!

mas estou falando do olho do furacão
de dentro de minha alma que começou a rodar
levando hábitos, costumes e desejos
sem nada edificar ou destruir
apenas confundir uma consciência 
e seus galhos emaranhados e folhas caídas do ego.

fico na dúvida 
seria o amor ou a paixão um redemoinho?

convenções e telhados arrancados
tradições e enchentes
peitos desabrigados e bom senso
promessas e sofrimento
pergunto-me é possível suportar?
ainda é possível amar ou se apaixonar?

talvez sim, mas sem projeções (sei!) 
talvez sim, mas sem competições (sei também!)

continuo falando do rodopiar
no mesmo lugar, termina por corroer
em movimento - ai meu deus!
por que não pode ser apenas brisa?
porque a vida é a capacidade de girar-bailar
ainda que no mesmo lugar, 
mas sempre acima do chão e das tradições.

Opaxorô

Penas brancas e cajado prateado
passos lentos bem marcados
pele negra e manto branco alvo
pureza na pele e na alma
discernimento nas vestes e na coroa
Pai de todos
Mas acima de tudo, dono de todos os Oris
O cajado que segura o peso de tempos imemoriais
também desfaz o mal e combate Iku
Penas brancas e cajado prateado
Cajado enfeitado 
de onde pende tudo que há nos mundos
no Orun e no Ayiê 
Afinal, conhece bem os seus filhos
Penas brancas e cajado prateado. 





Mais do Mesmo Alívio!!!