Enfrentei, outra vez, a escuridão
Um terror só vislumbrado da beira
Como um simulador de morte certeira
Numa realidade paralela de mesmo corte
Ainda dói cada fibra nervosa
Esgotei cada tecido em câimbras
Dos tremores da dor, outros músculos vingam
Num esforço para não despencar da borda
O que vem com o grito do horror
Do espasmo que contorse e retorce e
Encapsula a sanidade num grilhão
Pesado demais, cansado demais, num intuito vão
A dor da pedra
O ouriço natural
Eu calço a dor e
Expulso a flor de cálcio
Nunca fito os olhos de Medusa
Sofro cego por receio do mergulho
A tentação de homeostase é graúda
E quer acabar com o que é mente, corpo e dúvidas
Tenho sido desafiado por Cérberos
Tenho me extenuado com Kongamotos
Tenho alucinado desfiladeiros sem cor
Tenho tido medo de não voltar da porta
O santo do dia - uma alma fria -
A mestra que segura a chave, a guardiã
Que traz o elixir, não sem me punir,
Com demoras, sorrisos de bondade en passant
A dor deu pedras
De sal e sais
Eu urino terra
E minerais imorais
... e Deus não veio trabalhar.
Décio Plácido Neto, 14.03.2018
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