Mesmo que falte tinta
Ainda que minta
Apenas não pare
Nem olhe para os lados
Somente ande, corra, sinta
O que ficou por dizer, morreu
O que iria perecer, padeceu
O que era de enterrar, apodreceu
Corre, anda, toque em tudo
Corre, anda, mas em nada se agarre
Não seja fogo nem seja palha
Passe no meio do verbo
Entre o dedo e o gatilho
O que era pra fazer, esqueça
O que era pra criar, desfaça
O que era para duvidar, entorpeça
Corre, anda, pobre criatura
Ignore o tempo e as medidas de ilusão
Não tema estrada ou alçapão
Não pare para pedir
Nem implore por descanso
Não se detenha, tudo está em ebulição
O que era sonho, virou pó
O que era desejo, virou queda
O que um dia já foi, já era
Corre, anda, vai
Nada é mais forte, nada mais importa
Nada vingará se você não abrir a porta
Dos muros altos, sim, altos e grandes
E atravessar a soleira da mocidade que jaz morta.
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