22 junho 2015

Perguntas

As perguntas que preciso fazer já estão aí rodando pela a humanidade: nas cabeças iluminadas e nas sarjetas... Não preciso, então, preocupar-me com clichês ou plágios. As perguntas que me assombram estão no trabalho, no sexo, na fé, no amor, na paternidade, na fraternidade, na solidão e na alteridade. São peças que vão montando um andaime ao redor do que sou eu - uma imagem ainda em formação, mas se realizando como um cilindro com espelhos, fitas, pedras, máscaras, livros, pedaços de tecido, imagens de orixás e ícones de todas as religiões, plantas, fotografias e instrumentos musicais; tudo compondo e contido - um totem. Estes andaimes, além de se erguerem para agregar novos símbolos, servem para sustentar a estrutura onírica que faço do que sou. Estas perguntas que me faço dilaceram e organizam, são caminhos de um labirinto fechado e de estrada reta ao conhecimento que está em cada célula [desde antes do nascimento]. Acredito que estas perguntas possuem respostas: atrás de um retrato, do lado de dentro de um sorriso, embaixo da mesa das memórias, no silêncio absoluto de uma simples oração ou no coração de um grão de areia. Mas o que eu faria se fosse capaz de encontrar minhas respostas agora? Picharia os muros da minha existência com fórmulas de felicidade ou começaria a tombar por perder os meus sustentos? Uma levando a outra que chega a mais três... Já disseram que mais importante que as respostas são as perguntas. Por quê? Porque perguntar agrega, edifica, aglutina e responder dissolve. Há tempo para ambos. E eu, logo eu, um homem das chaves, perdido entre tantas e entre tantas portas. 

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