26 janeiro 2011

m.u.d.a.s.

Espinhela caída... Promessa sem pai ou mãe
Amor em feridas, sem café-da-manhã
Nem mentiras paridas - estas cortesãs -
Que trariam rotas para suas fugas (vãs)

O que foi perdido não traz fungo no peito
Nem caminha feito homem já mofado
Que sofria, o dilema de ter jurado...
Olhar pousado na face; dor... tivesse-se feito?

Amor de juras... Parece-me passatempo
Amor de quem jura, verdade ao relento
O amor que não jura perde o tempo
Pois sem estas não há eficaz unguento

Por que foi embora só com beijo
E com tanta pressa?
Não esperou crescer
As mudas que nos portões se entrelaçavam!

19 janeiro 2011

v.i.v.o.

e agora que você já foi,
que Duda dormiu e
Pedro esqueceu de voltar,
eu vou tomar um café,
lavar a louça,
estudar para o mestrado,
fazer a barba, arrumar o cabelo e sair...

você foi mesmo - percebi agora
Duda mora na Holanda e
Pedro agora volta com os filhos;
eu tenho um bom emprego e
ainda lavo as louças
comecei a estudar (finalmente) fotografia
conheci João - nos damos muito bem

você foi viver

eu vivo.



12 janeiro 2011

p.o.r.t.a.n.t.o.

o que parecia um sonho
hoje não passa de um milímetro

mais um encanto
mais um portanto
mais
é preciso mais
pra deixar de parecer
para sempre poder passar
sem tantos por enquanto
sem aquele entretanto

Aquilo que outrora fora sonho
Vive, hoje, imerso... in memoriam

03 janeiro 2011

U.l.i.s.s.e.s.

Ler Ulisses é cult...
Estudar Anna Freud
Lev Vygotsky e Piaget...
Não se compara quando vejo-o crescer

Seu nome é um sopro
de um Pé-de-Vento...
de um Encantado da anunciação
que brincou com meus olhos 
e deu linha à mente

De tanto querer 
de Joyce
de Odisseu
de Guimarães
daquele velho tio...
és, na mesma medida que não,
meu. 

Ó Ulisses
que tenhas a força 
da espada forjada em ouro
e a suavidade
dos Encantados que lhe abençoam

Ó Ulisses 
dadivoso Ulisses 
brilhas sobre a minha noite
escutas o meu mais insone cantar...
Nomeia-me diariamente
com o nome que te dei!

19 dezembro 2010

a.c.o.l.h.e.r.



estivemos
a colher
o amor e o colo
o sexo e o sorriso...
semeados
cul..ti...va....dos
em líquido nutriz
(com-ple-tu-de)
em instantes de leveza
(so-li-dão)
e períodos hercúleos
(du-pli-ci-da-de)
quando
acolher
o estranho
o espelho
o vulto do que foi ou será...
ou mesmo seria
ficou para ser colhido numa outra safra

17 dezembro 2010

o.n.d.e. e.s.t.á. o. l.e.m.e.

Ouvindo Tim Maia
Curando as feridas
Deve haver algo entre o Leme e o Pontal
Mas que não cabe em meu coração.

16 dezembro 2010

inequívoco

desça do andor pitonisa
ainda que não queiras ouro
ainda que sejas só link
ainda que não brinques com palavras
e, justo por isso, venha...

junte-se a mim
com pé-no-chão
com a sola rachada e
olhe de onde não veem os falcões
reto.
presto.
igual.

que caminhe como todos
que ande em todos...
seu dom é inequívoco
mas você assusta
com seu jeito narcísico
acaso é imune ao siroco?

ó dileta vidente
perceba o que carrego no ventre
estou grávido-de-amor
e só poderei parir
se andar comigo
não tenho escravizados ou fãs
tenho apenas a mente
pernas 
desejos
e o bucho cheio de pequenos nós.

desça e faça o meu parto.

15 dezembro 2010

p.a.l.a.v.r.a.s. v.i.v.a.s

já subiram os montes
e desceram às Marianas
pegaram um trem
uma nave
um cometa...
já fizeram misérias


tentei negociar
fazer as pazes
sussurrar intimamente
fechar a boca
segurar os dedos...
elas brincam comigo


susto!
talvez...
em paz
(quem saberá?)
elas voltem...
e se inscrevam em qualquer lugar

meu cinzel

Mais do Mesmo Alívio!!!