11 fevereiro 2021











 E foi assim que amanheci 

Contando a cada estrela 

O que conversamos 

Cada expectativa de rimas 

Toda proximidade 

Os detalhes dos cuidados... 


Demorei para dormir 

Meditando o mar 

Ponderando o desejo

(- Onde já se viu?!)

Uma vez tomado no assalto 

Mergulhar é o mais fundo


O Sol já fechava meus olhos 

Não conseguia escrever

O começar do dia dizia faltar pouco 

E uma dúvida se fez 

A cor dos seus olhos 

É reflexo do que me toma?... 

Décio Plácido, 11.02.2021


14 janeiro 2021

 Expandir 

Tornar imenso

Sentir intenso 

Insistir 

Tomar tento 

Do seu intento 

Progredir 

Tijolo e cimento 

No comando, assento 

Resistir 

Banho de folha e unguento 

Para trás, sem movimento 

Coexistir 

Trazer pra dentro 

Olhar atento 

Contribuir 

Não importa o acento

Se evita o sofrimento

Prescindir 

De culpa e lamento

Do ciclo de renascimento

Erigir 

Campos de cata-ventos

Para a alma em alumbramento 

Traduzir 

Da palavra ao momento

Suor e também talento 

Evoluir 

Do antigo ao coroamento 

No ritmo, sem adiantamento 

Expandir 

Sentir imenso

Tornar intenso 

24 dezembro 2020


Estava com saudade 

do mar, 

do Porto, 

do Sol, 

do cair da noite! 

Precisava arrancar de mim

Tudo que não quero

Tudo que cansei

Tudo que pesa. 

E que só o mar

O mar da Bahia

De Iemanjá 

e Mikaiá

É capaz de curar!



15 dezembro 2020

Ninguém foge à sua natureza 

Por mais escrutinada

Por mais talhada


Por mais domada  


A essência é um núcleo duro de certezas


O carnívoro não reconhece nas flores 


O mesmo valor que as borboletas


-Lhe faltam asas e 


uma forma de delicadeza, 


Para espalhar por aí pólen e cores  


Ninguém escapa à sua constituição


Aos alicerces erigidos 


Com estes ou aqueles signos


Até o ponto de basta 


Onde voltar não é mais opção. 


A nossa borboleta não aprecia a trêmula carne 


Como o faz um felino em sua sanidade 


-Lhe falta adrenalina 


E um tipo especial de destreza, 


Para transformar uma caçada em arte. 

28 abril 2020

Quarentena IV

Eu escrevo cantos
Para aplacar a falta
Pra não encharcar a fronha
Pra acordar cedo, disposto
E não ficar pelos cantos

Eu escrevo a presença
Para tornar real
Para não sofrer sozinho
Pra não ficar rouco
De reclamar pela ausência

Eu escrevo poemas
Pra sair do virtual
Para as palavras roçarem
Para que as perdas
Não sejam temas da quarentena

Eu apenas escrevo
Para alguém ler, talvez
Pra sobreviver, é certeiro
Pra continuar amando, eu
Escrevo nos dias que não conto.

Eu escrevo pra transbordar
Para não me deixar
Para não me ausentar
Para virar a mesa do tédio
E negociar viagens astrais. 

17 abril 2020

Quatentena 3⁰

Sei que não pode vir 
Te respeito e 
Aos sábios do mundo
Sei que não pode vir 
E que o tempo 
É de um esperar profundo
Vou desligar a TV
Não há o que insistir
Já não tenho livros pra ler
Vou inventar poemas 
Para que venha me visitar 
Sei que não pode vir
Mas a nossa banda - não o bastante - larga 
Pode a saudade aplacar  
Quando não posso
Tocar, só contemplar, teu amor. 
Sei que não pode vir
Sei do que você se ocupa
Sabe sempre como estou
Inventamos outra moda 
Delineamos outra forma de amar 
Quando está com a razão 
D'eu não fugir
D'eu não chorar. 
Sei, muito, que ainda não pode vir
Mas você é tão hábil quando me olha
Que por segundos 
A tela fria que nos separa 
Vira algo ainda do porvir 
Um delírio de amantes 
Um desejar fecundo
Sei que não pode vir
Que é tempo de espera 
Somos sóbrios 
Somos tantos, e não sós que 
Não fazemos Quimera 
Quando sei mesmo que não pode vir
Percebo que algo de ti 
Sempre ficou a lembrar 
Que você é Sol
Me iluminando ao mar. 

11 abril 2020

Quarentena 2⁰

Quando quero te ver
Nestes dias tão estranhos
Fecho os olhos, prendo a respiração
E te vejo tão grande e colorida
Num infinito e seus tamanhos

Quando penso em você
Nestes dias de tanto cortisol
Me deito e abraço o travesseiro
E te sinto tão perto
E a solidão é revisitada pelo desejo

Quando preciso de você
Nestes de tão pouco abraços
Mergulho embaixo do chuveiro
E sua presença são as gotas que descem
E me agarro à água sem embaraço

Quando tenho algo pra dizer
Que ultrapassa as novas tecnologias
E só existe num sussurro no ouvido
Me debruço na janela
E convenço os passarinhos em doce melodia.

Quando quero você
Sei que tenho a nós. 

Décio Plácido, 11.04.2020

31 março 2020

Quarentena

Foge! Mesmo um minutinho...
No instante do piscar de  todos os olhos 
Com a mesma velocidade da dúvida
Vem, com ou sem materialidade, compartilhar o nós. 

Vem! Nos insinuemos ao desespero
Que a saudade é feito chicote
Quando dança, perturba o ar e marca e demarca o corpo 
E dá-se a ver em grandes letreiros. 

Vem! No contrapé do vírus 
E vou te afagar os cabelos e lábios
Tanto zelo em átimos de vida 
Num beijo mais rápido que o contágio. 

Tão jovens e tão desafiados 
Eis um coração, eis uma razão 
Fique em casa com a minha vida.. A sua, sozinho, acabei de amar na esteira. 

Décio Plácido, 30.03.2020.

Mais do Mesmo Alívio!!!