02 janeiro 2022

Sonho de caçador

Para tudo me preparei:

um festa!

uma caçada!

Para ser um souvenir.


Por tudo esperei:

um sonho!

um beijo!

Por um motivo.


De tudo fiz:

barba e unhas!

roupas e espírito!

De mentir até perdoar. 


Veio Pessoa e

o arrependimento,

a depressão, e 

Veio a sombra do que poderia ser.


Não era querido

nem sentia calor

ou era paciente, 

não era o que antes fora. 


Pena,

penas e

penalidade.

Penélope sem charme. 


Um bate-papo, 

inglês mal falado

sonho encardido 

Um garoto interrompido.

Décio Plácido, 2004 (Holanda) 


17 dezembro 2021

Lábil

Meu humor vacila 

E claudica ante as cenas.

Menos que ser uma pena,

Me exige outras dívidas.


Lábil e inábil 

Não há o que o explique.

É como imaginar

As consequências do eclipse!


Umas músicas e 

A mortandade:

São dias de hoje,

Dias de pouca vontade.


Meu humor inadaptável 

Faz água de rochedo. 

Fazendo água no oceano,  que é

Minha piscininha em segredo. 


Lábil e inábil 

É (ou era) carregado de enfeite. 

Escorrego pelos dias

Experimentando dor e deleite.

06 dezembro 2021

casa caiada

casa caiada

cimento arenoso...

existe descanso

onde só existem fantasias

e reminiscências?


Décio Plácido, 6/12/2010

Paradoxo

incompatibilidade.
fizemos escolhas.
paradoxos.
nada pra falar.
mas eu gosto de você.
- eu também.
um bipolar ou uma delirante.
uma escolha de Sofia.

Décio Plácido, 7/12/2010

19 novembro 2021

Fingimento

 Fingir ser o que já sou

dobrar o tempo em mim

ter outra mesma cara 

imperfeita até o real final.


fingir minhas alegrias

sorrindo solto pra ti

na impertinência do momento

onde as vísceras também riem.


fingir correr pra ti

ter em mente o estar pronto

onde jamais disse a verdade

tampouco, pra ti, eu menti.


fingindo a dor do texto

como o poeta louco faz

tão completamente feito

que o eu não sabe para onde olhar! 


Fingir ser o que já sou

pode não ser repetição

se há margem pra invenção

sigo sendo eu além do que soou. 

Décio Plácido, 04/01/2020

03 novembro 2021

Motumbá Iémọ́já

Entrei e te saudei

Molhei os pés

Esfriei o corpo 

Enquanto o espírito ardia


O céu divinizado 

Na sua imensidão 

O Sol em teu corpo

Prestes a arrebentar

Em mim. 


Por três vezes

Mergulhei Orí 

Disse uma reza 

E esperei… 


Uma dor no quadril 

A cabeça intensa 

- tantas mortes no Brasil -

A esperança é uma coisa densa.


Se tivesse desejos 

De anjos ou gênios traquinos 

Pediria a extinção dos meus grilos, 

À Iyá, não me arrisco. 


Diante de tanto lamento 

Ògún chegou à beira

Trazendo Babá Igbona e Ọ̀ṣọ́ọ̀sì 

Èṣú passou de bicicleta… 


Espumas brancas me cercaram 

Ganhei um beijo Dela

Enquanto era banhado… 

Enquanto nascia outra vez


Décio Plácido, 31/10/21

12 setembro 2021

 Você chegou num dia iluminado

era quarta feira

era final de inverno

era o meio do dia 


o menino de Virgem

trazendo constelações

são tantos sentimentos e matrizes

matizes de novos momentos


Se o Mar foi testemunha

e o Sol não se poupou

cabe a mim estar a postos 

e jamais economizar amor. 


13 anos se passaram 

Tantas cores pintadas

e tantos traços retocados

nessa estrada, em nosso chão


Te amo, filho! 

11 agosto 2021

 De pernas pro mar 

Dou pernas ao mar


Me encho de mar 

Desincho no mar 


É bom de cantar 

De escrever

E transar… 


De se molhar 

E se benzer 

Pra inhaca espantar 

E tudo crer. 


De pernas pro mar 

A vida encolhe

O sonho se transforma 

E dou pernas ao mar

 

Me encho de mar 

O peito estufa 

Não há desculpa 

E desincho no mar 


É bom de cantar 

Melhor mesmo contemplar 

Perder de vista 


De se molhar 

Tirar sustento 

Ganhar o mundo 

Ver o Sol descansar. 

Décio Plácido, 11/08/2021

Mais do Mesmo Alívio!!!