23 abril 2021
Saudades
06 abril 2021
Recomeçar
Recomeçar é o quê, afinal?
Coser as pontas dos atos.
Pode ser do início, mas
Pode-se reescrever só o final!
[Colocar os pingos nos is do que não entendi?]
É cuidar da semente,
Ver além do poente, ver depois.
Pode ser apenas uma poda,
Salvaguardando coisa e gente!
[É saber sem pestanejar que 1 vem antes de 2.]
Pode haver mudanças no recomeço:
Das letras, da ordem, das setas...
E mesmo sendo apenas remendos ao início,
Nada assegura ausência de tropeços!
[muito do que não aferi, agora meço!]
Talvez nem seja tão sábio um novo começo,
Mas não é tolo se se decide encerrar -
Sei que me parece mais difícil ficar parado
Se por círculos e ciclos me reconheço!
Deco Plácido, 06.04.2021
29 março 2021
Não se cabe totalmente em fetiches.
Não se é a fantasia que se veste.
Eu não aplaudo tirania,
Tampouco sou unguento disponível.
Sou do barro, da noite azeviche.
Sou o avesso da vilania!
Se o que resta é um pálido drama,
Sou mesmo gente antes de poesia.
Não sou dado à correria.
De onde venho, não é bom alvitre
Perder-se em si, achar no outro
Todo momento, toda alegria.
Não sou fonte ou reflexo de azia -
Já disse que transbordo o estabelecido.
Invento estórias e estouros
Para integrar (plácido) a melodia.
Já sou maior que o meu molde!
Colhi flores, senti o vento, juntei pedras e
Nas noites de pranto e disritmia
Senti de tudo e bebi uns goles.
Ultrapassei as barreiras do que foi guia!
Décio Plácido, 27.03.2021
(mas caberia em 1979 também)!
28 março 2021
É preciso rasgar alguns espaços.
Não que os invada por dolo
Ou que sejam destinados a outros,
Mas porque já se sabe sem embaraço
Que satisfação não cai no colo...
Não tardam desafios na rota do ouro
É preciso abrir a casca!
Escrutinar cada arranjo feito,
Cada decisão tomada em segredo.
Ora retirando lasca por lasca
Ora tomando força e jeito
Do poente atravessando os prédios!
É urgente fazer frestas!
Fazer em todo canto lumieiro,
Nem que se rasgue o firmamento.
A luz ajuda na acomodação das arestas...
Um querer já não tão estrangeiro.
Existir não mais como paisagem, e sim alimento!
Décio Plácido, 28/03/2021
24 março 2021
Com licença para ser apenas poeta!
O encontro com o outro é sempre o face-a-face com o desconhecido, com uma paleta carregada de cores, cheia de nuances que jamais imaginaríamos, soluções artística diferentes... outra idiossincrasia!
Mas até certo ponto.
Muito do que reconhecemos nas outras pessoas (caos, instabilidade, características que arbitramos valores, afetos, intolerâncias, preconceitos e toda sorte de emoções e sentimentos) existe de alguma forma em nós mesmos - como desculpa ou projeto. Não há como REconhecer sem ter conhecido previamente (parece óbvio, mas não pra tod_s); algumas vezes, em nossas próprias experiências solitárias e particulares.
O nosso fio condutor da sanidade (acho que posso usar essa imagem) por vezes mostra o quão desencapado vai se tornando ao longo de uma sucessão de desencontros que instruíram ou dilaceraram nossos corações.
Mas haverá sempre um devir, uma reposição de outros pontos, a iluminação de antigos cantos? Será?
O Amor tem essa fama de subversivo. Mas a tudo refaz? A todos modifica? O que, de fato, subverte? Ergo-me nessa estrada madrugadora com essas questões.
“E me perdoe se eu insisto nesse tema
Mas não sei fazer poema ou canção
Que fale de outra coisa que não seja o amor.”
E se o amor é um delírio, porque meus pés jamais tocaram as nuvens em qualquer realidade? Talvez não o seja! O que seria? O que já deixou de ter como apresentação?
🚧 Texto em construção no tempo das reflexões, podendo, inclusive, ser deletado ou editado a qualquer momento - como a vida também o é! 🚧
22 março 2021
O corte no ar,
O primeiro ruído
A rasgar meu silêncio...
O que precede a pele
Na hora do grito,
Da marca,
Da crava,
Da insurreição
Que liberta o afeto
E segura a lambda
Do chicote do Tempo.
O silêncio engasgado
Quando chego ao mar.
O afogar.
Temer nadar.
Enrugar a pele e
Diluir as cores
Que gritavam desamor,
Da foz
Até a arrebentação!
O que me restou?
Ser fogo imprudente
(Consumindo a terra,
Corpo e mente e
Os animais e as flores)
Estrela incandescente
(Tergiversando com inconsequentes
Desfazendo ditos apaixonados
Tão eternos quanto um risco no céu?)...
Sou o calor da perfeição
Que só inexiste -
Ou existe em não-matéria -
Ante a voracidade do desejo!
Deco Plácido, 22/03/2021
14 março 2021
Sobre chá, flores e peixes
Por favor, um chá de canela!
12 março 2021
Valente
Impecável no
lugar tenente
Do que quero.
Não é incidental
Mas fascinante
Como fractais
Como café!
Bebo café,
Cheiro e misturo
Me transformo
-Ajuda na entrega
Disfarça
O cansaço
Da mente
Da gente!
Valente
Levanto só
Desafio a incoerência
Num otimismo
Inconsequente.
O desafio
Já é travado
Bem dentro
Da mente
Da gente!
Mais um café.
Deco Plácido, 12.03.2021