09 agosto 2022

Eu queria dar bom dias aos indígenas

neste dia que é de luta

Pedir desculpa aos séculos 

Onde não morrer continua sendo a labuta

guaranis, tupinambás, bororos

Pindorama precisa por fim às disputas!




21 julho 2022

Eu guardo lembranças 

de todas as andanças 

por onde a gente seguiu. 


Onde da dor descansa. 

Onde o amor sentiu 

um grassar de esperanças…


Até onde o olho alcança!  

11 julho 2022

Novos tempos e ventos

Sinto-me desorganizado 

Talvez esteja mesmo 

Este país não vai bem

Tudo resumido a ataque e defesa!


Uma névoa densa...

Talvez eu devesse dizer caos. 

Ninguém está tão bem;

Bom mesmo só o capital.


Sinto um despedaçamento

Em mim e entre os mais chegados 

Catamos o que sobrou de hoje, 

Não morrer é o combinado. 


Essa sensação, 

Tão material quanto um soco,

Atinge a tantos dos meus

Sem disparos, disfarces ou estouros


Sinto-me desorganizado, mas

Mantenho a estrutura racional … 

E, com um punhado de paixão,

Lembro do Brasil essa má pecha nacional.


Uma nuvem de gafanhotos 

Ou um enxame de perdulários, 

Consumindo todo e cada tostão 

Da saúde, segurança e educação. 


Mas talvez um vento novo,

Que se aproxima arrumando os cacos,

venha trazendo outros estados,

Iluminando cantos d’alma opacos.

24 junho 2022

janela do meu quarto

da janela do meu quarto

vejo o mar

não a praia

mas boa parte dele que faz linha

onde nascem e morrem sonhos


também tem verde

um punhado de árvores

algumas muitas

mas rodeadas de concreto

uns mais outros menos organizados


Vejo também as formigas

que trafegam sem porquê

vejo o céu que é do avião

sobre a praça do complexo viário

João Gilberto - ou seria o contrário?


Vejo o renascer do Sol

Também vejo sua morte diária

vejo o que desfaço ou disfarço

Entre as horas e os espaços

muitos cheios de potência e de nada.

24 abril 2022

Morar numa canção

 Queria morar numa canção 

Uma de Geraldo, Elomar 

Ou Xangai 

Queria morar numa moda

Com início e voo infinito 

Sendo bem vinda

Em qualquer situação! 


Queria viver nesses versos 

De Dércio, Amelinha 

Ou Alceu 

Queria as emoções em si

Aquilo que invade e fica

Num momento solitário 

Quando não estou disperso! 


Tenho uma alma musical 

Sem esse jeito de dar dó

Tantas vezes ré

Em mim 

Um acorde, um solfejo 

Um frase de viola

Me diminuiria o sal.


Já toquei e já cantei 

Tive plateias, aplausos 

E agudos

Mas não é isso

O que eu quero

Se já foi dito

Eu ainda não sei. 

07 março 2022

Entressafra

Mais uma entressafra 

outra vez perdido

nem acertos nem mancadas 

andando à toa nas praças


onde está a inspiração?

já que há muito não durmo

vou deixar aviso à praça

- posso ser guarda-noturno!


Entressafra de gente

de verbo, de sonhos

de horas e de metáforas…

À noite, o silêncio é medonho.


E se fosse uma coruja?

Não haveria entressafra

ou guarda-noturno, 

e seriam minhas as praças!


Que deliciosa ilusão

sem saber, representar o saber

sendo assim, será sempre tempo de safra

enquanto houver praças, árvores e guardas


mas onde está a inspiração?

Décio Plácido, 07/03/2022

02 janeiro 2022

Sonho de caçador

Para tudo me preparei:

um festa!

uma caçada!

Para ser um souvenir.


Por tudo esperei:

um sonho!

um beijo!

Por um motivo.


De tudo fiz:

barba e unhas!

roupas e espírito!

De mentir até perdoar. 


Veio Pessoa e

o arrependimento,

a depressão, e 

Veio a sombra do que poderia ser.


Não era querido

nem sentia calor

ou era paciente, 

não era o que antes fora. 


Pena,

penas e

penalidade.

Penélope sem charme. 


Um bate-papo, 

inglês mal falado

sonho encardido 

Um garoto interrompido.

Décio Plácido, 2004 (Holanda) 


Mais do Mesmo Alívio!!!