Queria escrever um passarinho.
Não o descrever,
Nem enumerar suas cores.
Nem o pintar em versos.
Mas dizer como me chega e
Que arrepio na espinha me traz.
Queria escrever um passarinho.
Palavras que voassem…
Os versos bicando as flores,
Rimas fazendo o ninho,
Aconchegando os verbos como ovinhos,
Guardando o calor que me traz.
Sentir a inexatidão do grassar por aí.
Mesmo sem poder grava-lo,
Sem entender com os olhos
E a alma se alegra não sei o porquê.
Dos rasantes, da elegância, da elevação.
Do abstrato que toca meu coração.
Escreveria feliz a ausência de matéria,
Só um carimbo de impressão talvez.
No traçado incerto dos voos
Amar como a destreza dos pousos.
Queria escrever um passarinho
E a liberdade de só existir de forma selvagem.
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