Nesse chão
De terreno criativo
Abençoado por deuses
Aqueles mais antigos
Glaciais desde o início
De asas tão enormes
E silêncios gelidos
Que me fizeram respirar,
Em comunhão, pela primeira vez.
Descanso minha história e vejo
Detalhes imperceptíveis
Como todos brancos da neve.
Aqui,
Revejo decisões
Acalmo angústias de homem,
De pai, que tenta ser crente e gente
Nos rastro de pumas, vulcões e cobre.
Mais de 12.000 anos de história.
Quase 39 no corpo
Menos de 15 na pele
E são 16 °C de beleza e emoção
Enquanto maltrato o espanhol.
Na terra de Mapoches, quéchuas e tantos
Vou redescobrindo ancestres milenares
De museu em museus, de bar em bar.
Bem, nem tudo que é belo é singelo
E Santiago me deu asas e calos.
Santiago tem cheiro,
De flores,
De montanhas,
E gosto de cabernet e caminhada.
Além de Marijuana e Morfina - não é, Pablo?
Enquanto ouço os canhões
Que sujaram sua alma, Moneda,
Com o sangue do camarada Allende,
(Irmão doutor e seu final atraiçoado
Pelas hienas velhacas da Armada),
Subir e descer os cerros
Trotar degraus
Mirar a cerca alva dos Andes
É como cambiar matéria e infinito.
Uma oração,
Toda absolvição
Transcendendo sujeito em energia
A saga inversa de Augusto a Salvador
Adoçada por arte em toda parte e
Músicos e seus amplificadores de anseios e sons.
Violão, sax e rap
Se misturam à educação e à rebeldia chilena.
Santiago é um acervo
Tradição, pop, cult
Uma escola com partido e vida
Da inundação de informações
À perplexidade que nos toma e emociona
Pelos muros, esculturas e outdoors.
Um brisa me captura
Ferve meu sangue
E atiça meus pelos
É ela que canta, a mesma língua de minha terra,
Entre albatrozes e pelicanos
Surgem, também gélidas,
As mãos de Yemonja
Abençoando meu corpo pelos pés.
De outro nome a outro sonho,
Me batizei no Pacífico de Viña del Mar.
De Neruda a Castro Alves
Esse Deus alado me acompanha
Nas asas do condor fiz minha solitude
Minha formação, minha transformação, minha transtudoessência.
Décio Plácido Neto, 20/11/2017
Nenhum comentário:
Postar um comentário