Às vezes o único erro é não ter uma borracha
Não ter raios, espada, fé ou ilusão,
Ou mesmo um empoeirado e indecente mata-borrão
Para suprimir o engano de tantas construções de engano.
Nunca foi óbvio que te perderia
Essa cena não é escrita, nem vivida a contento ou ao cabo.
Teve sempre uma luz inoportuna na nossa coxia
Para lembrar que o drama não era vida, mas que era real.
Às vezes o crasso do erro é não ser fulminante
E dilapidar sonhos antes de desejos
E segregar lágrimas, descarrilando emoções primevas
Para confundir um leve movimento de lábios com o sorriso.
Às vezes o único erro era não ter uma borracha;
Eu queria dizer: apagar e recomeçar!
Apagar, a-pa-gar, à pagar...
Não deve haver sobrescrita na tatuagem que a alma se infringe.
Sou de errar, mas sou contraditoriamente de acreditar
Sou de apagar, de deixar limpo, de clarear,
Mas sou desgraçadamente de remoer e recordar
Legitimador e (auto)algoz das ilações derradeiras dos passantes
Às vezes o único erro é não ter uma borracha.
Desde a infância que não as trago no bolso.
Não escrevo à tinta ou à lápis hoje em dia
Mas com drogas psicoativas, discussões e filmes de arte.
Às vezes o erro é ficar masturbando o próximo erro.
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