29 março 2023

Conheço esse lugar. 

Sentado na razão.

Cansado.

Extenuado,

Sem ópio e 

Sem qualquer paixão. 


Sentado como quem esperou 

Por um gesto,

Presto.

Um movimento, 

mesmo lento.


Faz falta ao bolo

O fermento. 


Conheço esse lugar. 

Longe da emoção. 

Anestesiado.

Sonolento.

Sem adrenalina 

Sem tesão. 


Longe como quem não volta

Pra uma casa. 

Sim, habitada!

Pra um coração, mesmo em pedaços. 


Faz falta à fé

A oração. 


Conheço esse lugar 

De alienação 

Entre logos,

Deus,

Páthos.

Pagão.


Conheço meu lugar

É o que dizia uma velha canção. 

Décio Plácido, 29/03/23. 

23 março 2023

 Encontrei uvas na geladeira!

Lembrei da cafeteira italiana

Do misto e café quentinhos.

Eu encontrei um pedaço de tudo.  


Nem gosto tanto de uvas.

Com modéstia apreciava o seu vinho,

Os caros que estavam (sempre) em promoção.

Foi como encontrar outra parte.


Encontrei uvas na geladeira!

Estou me repetindo. Eu sei. 

Encontrei um pedaço de memória 

Que já duvidava que existia.


Não gosto quando elas têm caroços. 

Mas não abri a vasilha.

Talvez ainda estejam boas, ou

Talvez eu nunca mais as veja.


Encontrei uvas na geladeira!

E se foram os momentos mais bonitos… 

E se foram os poemas inscritos…

Certeza? Eu tinha que existia. 

20 março 2023

O vazio é falta da palavra

Mas, também, o corpo oco.

Do nada à pele!


Não é o vácuo 


Tampouco a explosão.


Cabe todo em mim


E, num lapso qualquer, 


É a imensidão. 


Vazio faz falta.


Faz buracos


No universo dos ditos. 


Isso antecede.


Esvanece.


O nada que nada é. 


Há quem diga que não procede.


E que o vazia até faz falta. 

08 março 2023

Um lugar entre 

Dois pontos 

Alguns destinos  

Dois corações 

Como num bombom e seu 

espaço 

para o recheio. 


Uma viagem 

pode ser esse lugar 

Pode ser o corte do termo 

Essencialmente médio 

E intervalar. 


Deslocar-se é o meio 

Que envolve 

Que recolhe 

Que traz borboletas 

[às entranhas]

Por ir e por voltar. 


Minhas viagens 

São a relação

-aquilo que não sei- 

Entre dois Estados

De espírito. 


Décio Plácido, 07/03/23

01 março 2023

Um ciclo que se fechou 

Não tão lindo 

Eu sei

Quanto começou, mas  

São as dores do amor?


Desgostar

Parece que se vai carecendo 

de solidão 

Que faz muita zuada 

As batidas de outro coração 


Duas voltas 

Em nós mesmos

Éramos das voltas 

Em torno do sol

Sob as vistas da lua 


Não faça como gente vã

Que atravessa a rua 

Me permita a referência 

- e a reverência-

Mas se lembre do meu amor

Foram dias com uma doce Lua  

18 fevereiro 2023

 Eu canto correntezas 

Enquanto cai um cisco no olho

Canto a solidão de hoje

O caos de amanhã na multidão 

Dura o tempo da passagem do trio

Eu canto correntezas 

Ao lado do bloco

Curto a farsa da festa

Com genuína alegria momesca.

17/02/23

13 fevereiro 2023

 Acordei, hoje, sem sentimentos

Sem unguentos ou barraventos

Uma sensação de desvanecimento, e 

A desvirtude que é não ter um lamento.


Acordei, mas não desejaria

Se soubesse que toda dor é fugidia

Não mais me enganaria, e 

Cancelaria todo recital, toda poesia.


Acordei e não vi o futuro

Já não era dia, estava tarde, escuro

Acordei só, sobre o muro

Deixar-me cair é perigoso ou seguro?


Acordei e não tava na cara o amor

Sem filosofia e sem dor 

Despido de tudo o que for...

 Agora, há um vazio no andor. 


Acordei e não recomendo.

05 fevereiro 2023

 Existo quando não penso

Quando os pensamentos 

vão com o vento…

E fico sem unguento 

Sentindo, na carne exposta,

A variação de sentimentos.



Mais do Mesmo Alívio!!!