22 setembro 2022

Afetos

Sou emocionado.

Mesmo.

Não procuro blasé.

Se algo aconteceria,

Certo, vai acontecer.

Com todos os afetos.

Dialetos.

Não fico quieto.

Olhar dispara,

Coração vidra, 

Caos define.

Desenha.

Dá forma à forma. 

Transbordo!

Oceanos e mangues.

Ressaca e restinga.

Desconheço o recorte da indiferença, 

Da linha reta

Da superfície lisa. 

Eu sou invadido.

Eu pego.

Arranho.

Deixo rastro. 

Décio Plácido, 22/09/22

24 agosto 2022

O céu e o abismo

Entre o céu e o abismo,

tem o que sinto,

o que você diz

e o que foi permitido.


Não é cômodo,

nem é conhecido...

É um intervalo quente 

e tão pouco protegido.


Entre as alturas e o fosso, 

não cabem sonhos

não tangíveis,

ainda que os tristonhos.


Um lugar de entres...

espalhado nas vísceras,

contornando a razão,

mesmo que incandescente.


Décio Plácido, 24/08/22


17 agosto 2022

Queria escrever um até logo.

Um verso rente à pele

que desvele

calor, corpo e semente. 


Queria que você me levasse

num verso preso ao ouvido,

e que experimentando tanto

vem feito flecha e atravessa o sentido.


à distância é difícil escrever.

preciso de tua palavra

que tudo começa

e desaguo em imagens e rimas.


Esse texto não é de ir

tampouco de voltar

mas de quem espera o amor

que saiu para passear. 

Décio Plácido, 17/08/22.



09 agosto 2022

Eu queria dar bom dias aos indígenas

neste dia que é de luta

Pedir desculpa aos séculos 

Onde não morrer continua sendo a labuta

guaranis, tupinambás, bororos

Pindorama precisa por fim às disputas!




21 julho 2022

Eu guardo lembranças 

de todas as andanças 

por onde a gente seguiu. 


Onde da dor descansa. 

Onde o amor sentiu 

um grassar de esperanças…


Até onde o olho alcança!  

11 julho 2022

Novos tempos e ventos

Sinto-me desorganizado 

Talvez esteja mesmo 

Este país não vai bem

Tudo resumido a ataque e defesa!


Uma névoa densa...

Talvez eu devesse dizer caos. 

Ninguém está tão bem;

Bom mesmo só o capital.


Sinto um despedaçamento

Em mim e entre os mais chegados 

Catamos o que sobrou de hoje, 

Não morrer é o combinado. 


Essa sensação, 

Tão material quanto um soco,

Atinge a tantos dos meus

Sem disparos, disfarces ou estouros


Sinto-me desorganizado, mas

Mantenho a estrutura racional … 

E, com um punhado de paixão,

Lembro do Brasil essa má pecha nacional.


Uma nuvem de gafanhotos 

Ou um enxame de perdulários, 

Consumindo todo e cada tostão 

Da saúde, segurança e educação. 


Mas talvez um vento novo,

Que se aproxima arrumando os cacos,

venha trazendo outros estados,

Iluminando cantos d’alma opacos.

24 junho 2022

janela do meu quarto

da janela do meu quarto

vejo o mar

não a praia

mas boa parte dele que faz linha

onde nascem e morrem sonhos


também tem verde

um punhado de árvores

algumas muitas

mas rodeadas de concreto

uns mais outros menos organizados


Vejo também as formigas

que trafegam sem porquê

vejo o céu que é do avião

sobre a praça do complexo viário

João Gilberto - ou seria o contrário?


Vejo o renascer do Sol

Também vejo sua morte diária

vejo o que desfaço ou disfarço

Entre as horas e os espaços

muitos cheios de potência e de nada.

Mais do Mesmo Alívio!!!