14 agosto 2025

Nos vimos. 

Nos reconhecemos. 

E ela disse sim. 


Tinha lembranças 

Tinha ouvidos, 

Então rimos. 


Afrodite ainda mora nela. 

Uma definição de Luz… 

Não sabia onde pôr as mãos, 

Meus olhos estavam abertos.


Não sabia se mirava ou seguia seu olhar 

Ou me rendia às lembranças 

Vivas de apertar o coração -  

Reais de machucar os dedos no violão. 


Ela me disse da sua vida.

Escutei como um devotado aprendiz. 

Quis saber da lacuna do tempo

Esquecendo a felicidade na ponta do nariz.


Nós vimos por aí 

Um bom acidente do acaso.

Já fiz música até pra ela 

E quando choveu, entreguei meu casaco.  

30 junho 2025

Para Patrícia e Isadora

Elas são dois encantos. 

Cada uma mexe em um ponto.

Somos um trio que se uniu.

Já teve canto, encontro e pranto,

Houve outros encontros,

Mas amor assim jamais se viu.


Elas têm seus amores… 

Nós vivemos nossos amores!

Temos uma história vivida.

Um triunvirato.

Uma tríplice coroa e

Três magos de uma estrela vívida.


Elas me salvaram várias vezes a vida. 

Me ajudaram a encontrar sentido.

O beijo arrancado, o abraço apertado… 

Lembro de tudo, não esqueço dos sorrisos 

Dos valores leais e dos dissabores.

O caminho de uma amizade na lida. 


Isinha, Pequena, Dodous … só carinho

Um doce, uma realeza, só grandeza!

Patita, Pat Maria, minha Pat da poesia 

Que lê Pessoa e me tira as certezas. 

Somos de algum jeito nossos 

Até voarmos como passarinhos. 

Décio Plácido, 30/06/07


22 maio 2025

Ventana

Eu deixei a janela entreaberta. 

Queria ver seu voo.

Saber se já tinha rumo.

De ti eu não destoo.

Um passo sem pensar - na certa 

Deixa tudo fora do prumo. 


Eu deixei a janela entreaberta.

Não pensando que voltarias.

Mas caso quisesses, não é? 

Minha opinião jamais saberias.

Manteria minha palavra coberta.

Agora, só mergulho onde dá pé. 


E soprou um vento frio.

Que refrescou meu olhar curioso,

Mexeu com meu humor, meus brios. 

De vez em quando, Deus acerta 

Muitas vezes, dano de ser teimoso. 


Eu deixei a janela entreaberta 

Pro amor correr solto.

Sem grilhões, fantasias ou desilusões. 

Não estou ficando louco,

Há um desejo que liberta, 

E prescinde de conselho ou sermões. 

 

Não é a entrada mais apropriada

Tampouco é uma melhor saída 

Não há expectativa criada 

Nem qualquer sinal de alerta

De uma nova afeição parida. 


Eu deixei a janela entreaberta 

Até dá pra ver um pedaço do céu 

De tudo que resta em meu espaço… 

Eu sei que quem nunca viu mel, 

Por mais pra frente e mente aberta,

Se atrapalha todo com melaço. 


E pela fresta passam mundos.

O que não e o que quero inteiro.

De poucas certezas me inundo,

Sei onde cada dúvida aperta.

Apaixonar? Só se for bem ligeiro. 


Eu deixei a janela entreaberta 

E além de você, só o gato debandou. 

Coloquei farelo para os passarinhos…

Não vieram, mas nem tudo se acabou

Pela fresta, tem a luz que liberta 

Nos passos que são dados de mansinho. 

17 abril 2025

Eu clamo

Por um nome

Um limite

Um dentro e um fora. 

Eu clamo 

Por respeito

Uma gentileza 

Um lusco-fusco

Eu clamo

Por singeleza 

Uma honestidade 

Uma mediação 

Eu clamo 

Por reviravoltas

Nos corações 

Nas vísceras. 

Eu clamo 

Por vanguarda 

Uma posição 

Uma política. 

Eu conclamo

Para revolução 

Já aconteceu

Um de cada vez. 

17 março 2025

Vamos todos voar

Ainda não sei voar, 

Mas aprenderei.

Por enquanto,

Vou pegar um avião 

E deixar meu coração 

Feito lembrança.  

De tão investido,

É uma espécie de amuleto. 

Pra andar junto. 

Pra guardar perto do peito. 


Ainda não sei voar, 

Mas você verá 

Com meu coração na mão, 

Com o feitiço pronto,

De tão encantado 

Meu amor sair do chão.  

Ascendente 

Como um sonho bom. 

Provocante e delicioso 

Como uma caixa de bombons 


Ainda não sei voar.  

E todos voaremos 

Como os dentes-de-leão

No curso do destino

Apresentado pelo universo.  

Somos poeiras conscientes 

Que se doam e coisa e tal. 

Sabe-se lá pra quê,

Ainda menos pra onde… 

Mas amar é bússola individual. 


Ainda não sei voar, 

Mas trarei você comigo.

Não arrisco perder 

Os braços ou as vísceras.

Basta a vida ser um perigo.

Quando tivermos no alto,

Disputando com as águias,

Saberei que é a hora 

De te mostrar minha estrela;

Do amor ir à forra.  

24 fevereiro 2025

A pedra dura do trabalho pesa na pele azeviche. 

Voltamos nos séculos. Vejo; ninguém me disse. 

Extrapola nos que têm cor - toda gente.

Os que têm dor, botam o carnaval pra frente. 


Os tumbeiros não sangram mais os mares. 

Usam giroflex nas ruas das cidades. 

Prendem, mas soltam, ricos covardes. 

Prendem e matam - negros cadáveres. 


Há muito o tambor ancestral resiste.

Não cede à falta de câmera no uniforme. 

Às perseguições nos camarotes de grifes.

O batecum é uma herança, não dorme. 


100 reais para sustentar o apartheid 

Manter de pé e - inabalável - a corda (bamba)

Os de dentro e os de fora da night 

E o carnaval segue (sempre) o rumo do samba. 

Mais do Mesmo Alívio!!!