A morte, às vezes, parece um presente. Suas névoas e sombras de mistério. Seu ar soberano... sua libertação. A displicência em mim. Meu desejo, meu cansaço, essa constância de ímpetos. A covardia e a coragem se entrelaçando. Já estou sem paciência. A desconfiança só pode ser revelada num muro sem divisões - começo a pensar em execuções e lamentações. O que interessa é que nunca a senti [a morte] tão presente, com seus braços mornos, seu olhos azuis, sua pele macia, seu cheirinho de sândalo, mas sem qualquer epifania. Penso que não deveria interessar-me tanto por Deus... seria superior às tormentas. Quanto mais penso que duvido, enobrece-se e se torna inabalável minha fé. Não sou bandoleiro ou poeta - que regalo teria? Falo de mortes, do presente proscrito, do que já foi escrito na alma, portanto, no corpo [para além de tudo, doído], do medo e da queda, do grito que vicia e é amplificado nas solidões. Todos estão calados. Por que falar das próprias mortes? Sem quebrantos de amor ou dores concretas. Gostaria de ter outro projeto. Os que me importam já estão sendo tocados, e bem. Mas, neste momento, o ponto é a morte do que nos resta, do que já não mexe, já não mais arrepia - para que uma nova vida cresça sem mortes.
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