18 novembro 2024

Eu rasguei a face do chão 

Com a palavra mais pesada 

Que saiu da minha alma. 

Aliviando a tensão indesejada 

De querer ser mais e mais. 


Os meus pés seguraram bem 

Os textos que tentavam me definir.

As frases mais ordinárias.

Não sei de reação mais solitária 

Que se contentar com o que se é. 


Meu peito finalmente se abriu 

Quando medi o tamanho de minha sombra

E belisquei carinhosamente o espelho. 

Enquanto as vozes que antes me esculpiam

Se desfaziam, me esqueciam… jaziam. 


Achei ter entendido o bardo inglês:

É necessário ser depois de um ter sido.  

Não ser essencialmente o que se falou.

Rever na carne o que já se esqueceu. 

Reler nos ditos: a potência se anunciou!

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