14 outubro 2025
27 agosto 2025
No ofício de escutar,
Fui forjado
Com aço e plumas.
Igualmente
Adornado e estruturado.
No ofício de escutar,
Faço estradas.
Entre veredas
Descampadas
E selvas fechadas.
No ofício de escutar,
Digo coisas a outrem.
Interpretação.
Sai do labor
A palavra que vem.
No ofício de escutar,
É preciso silenciar
O próprio ego.
Ser ponte,
Fosso e castelo.
No ofício de escutar,
Reside a minha alma.
Tenho calma.
Inspiro
E o Sol se espalma.
14 agosto 2025
Nos vimos.
Nos reconhecemos.
E ela disse sim.
Tinha lembranças
Tinha ouvidos,
Então rimos.
Afrodite ainda mora nela.
Uma definição de Luz…
Não sabia onde pôr as mãos,
Meus olhos estavam abertos.
Não sabia se mirava ou seguia seu olhar
Ou me rendia às lembranças
Vivas de apertar o coração -
Reais de machucar os dedos no violão.
Ela me disse da sua vida.
Escutei como um devotado aprendiz.
Quis saber da lacuna do tempo
Esquecendo a felicidade na ponta do nariz.
Nós vimos por aí
Um bom acidente do acaso.
Já fiz música até pra ela
E quando choveu, entreguei meu casaco.
30 junho 2025
Para Patrícia e Isadora
Elas são dois encantos.
Cada uma mexe em um ponto.
Somos um trio que se uniu.
Já teve canto, encontro e pranto,
Houve outros encontros,
Mas amor assim jamais se viu.
Elas têm seus amores…
Nós vivemos nossos amores!
Temos uma história vivida.
Um triunvirato.
Uma tríplice coroa e
Três magos de uma estrela vívida.
Elas me salvaram várias vezes a vida.
Me ajudaram a encontrar sentido.
O beijo arrancado, o abraço apertado…
Lembro de tudo, não esqueço dos sorrisos
Dos valores leais e dos dissabores.
O caminho de uma amizade na lida.
Isinha, Pequena, Dodous … só carinho
Um doce, uma realeza, só grandeza!
Patita, Pat Maria, minha Pat da poesia
Que lê Pessoa e me tira as certezas.
Somos de algum jeito nossos
Até voarmos como passarinhos.
Décio Plácido, 30/06/07
22 maio 2025
Ventana
Eu deixei a janela entreaberta.
Queria ver seu voo.
Saber se já tinha rumo.
De ti eu não destoo.
Um passo sem pensar - na certa
Deixa tudo fora do prumo.
Eu deixei a janela entreaberta.
Não pensando que voltarias.
Mas caso quisesses, não é?
Minha opinião jamais saberias.
Manteria minha palavra coberta.
Agora, só mergulho onde dá pé.
E soprou um vento frio.
Que refrescou meu olhar curioso,
Mexeu com meu humor, meus brios.
De vez em quando, Deus acerta
Muitas vezes, dano de ser teimoso.
Eu deixei a janela entreaberta
Pro amor correr solto.
Sem grilhões, fantasias ou desilusões.
Não estou ficando louco,
Há um desejo que liberta,
E prescinde de conselho ou sermões.
Não é a entrada mais apropriada
Tampouco é uma melhor saída
Não há expectativa criada
Nem qualquer sinal de alerta
De uma nova afeição parida.
Eu deixei a janela entreaberta
Até dá pra ver um pedaço do céu
De tudo que resta em meu espaço…
Eu sei que quem nunca viu mel,
Por mais pra frente e mente aberta,
Se atrapalha todo com melaço.
E pela fresta passam mundos.
O que não e o que quero inteiro.
De poucas certezas me inundo,
Sei onde cada dúvida aperta.
Apaixonar? Só se for bem ligeiro.
Eu deixei a janela entreaberta
E além de você, só o gato debandou.
Coloquei farelo para os passarinhos…
Não vieram, mas nem tudo se acabou
Pela fresta, tem a luz que liberta
Nos passos que são dados de mansinho.
17 abril 2025
Eu clamo
Por um nome
Um limite
Um dentro e um fora.
Eu clamo
Por respeito
Uma gentileza
Um lusco-fusco
Eu clamo
Por singeleza
Uma honestidade
Uma mediação
Eu clamo
Por reviravoltas
Nos corações
Nas vísceras.
Eu clamo
Por vanguarda
Uma posição
Uma política.
Eu conclamo
Para revolução
Já aconteceu
Um de cada vez.
17 março 2025
Vamos todos voar
Ainda não sei voar,
Mas aprenderei.
Por enquanto,
Vou pegar um avião
E deixar meu coração
Feito lembrança.
De tão investido,
É uma espécie de amuleto.
Pra andar junto.
Pra guardar perto do peito.
Ainda não sei voar,
Mas você verá
Com meu coração na mão,
Com o feitiço pronto,
De tão encantado
Meu amor sair do chão.
Ascendente
Como um sonho bom.
Provocante e delicioso
Como uma caixa de bombons
Ainda não sei voar.
E todos voaremos
Como os dentes-de-leão
No curso do destino
Apresentado pelo universo.
Somos poeiras conscientes
Que se doam e coisa e tal.
Sabe-se lá pra quê,
Ainda menos pra onde…
Mas amar é bússola individual.
Ainda não sei voar,
Mas trarei você comigo.
Não arrisco perder
Os braços ou as vísceras.
Basta a vida ser um perigo.
Quando tivermos no alto,
Disputando com as águias,
Saberei que é a hora
De te mostrar minha estrela;
Do amor ir à forra.