Mais do Mesmo Alívio!!!

22 julho 2015

Corre, menino!

Corre, anda, acelera 
Mesmo que falte tinta
Ainda que minta
Apenas não pare 
Nem olhe para os lados
Somente ande, corra, sinta 
O que ficou por dizer, morreu
O que iria perecer, padeceu
O que era de enterrar, apodreceu
Corre, anda, toque em tudo
Corre, anda, mas em nada se agarre
Não seja fogo nem seja palha
Passe no meio do verbo 
Entre o dedo e o gatilho
O que era pra fazer, esqueça 
O que era pra criar, desfaça 
O que era para duvidar, entorpeça 
Corre, anda, pobre criatura 
Ignore o tempo e as medidas de ilusão
Não tema estrada ou alçapão 
Não pare para pedir 
Nem implore por descanso 
Não se detenha, tudo está em ebulição
O que era sonho, virou pó 
O que era desejo, virou queda
O que um dia já foi, já era
Corre, anda, vai
Nada é mais forte, nada mais importa 
Nada vingará se você não abrir a porta
Dos muros altos, sim, altos e grandes
E atravessar a soleira da mocidade que jaz morta. 

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