Hoje está bem difícil ser eu!
Pensamentos desordenados assombrando.
A dor não está no corpo,
Mas é ele que está me matando.
Os minutos passam como farpados.
Não consigo imaginar os destroços
De tudo isso que está me cercando,
Mas nunca pensei em por a alma pra negócio.
Não consigo parar de chorar,
Mas não quero deixar a tarde seguir.
Um grito contido, um estouro abafado
Faz isso: a substância do corpo sumir.
Hoje é dia de xingar Deus em vão! E
De perder o tom da autocrítica!
A falta de predicado para essas horas
Fazem com que morram sem motivo ou direção.
É ininteligível esse sofrimento:
Cabe nesse conjunto de órgãos e tecidos,
Sem estar de fato ou direito em um lugar...
Já são tantas lágrimas (nada conhecido!).
Hoje está bem difícil ser honesto
E ter uma ilusão de fidelidade ao desejo.
Quando tudo está pelo golpe presto,
Nenhum sorriso se resume inteiro!
Não sei se são as chuvas de maio;
As mortes cruéis da pandemia; ou
Os ossos que não param de morrer...
Tudo isso era o que ontem me afligia!
Hoje, nessa impossibilidade de dizer, no vácuo
Mal-conheço, desconheço, irreconheço
Isso que me rouba o chão.
Tudo é um buraco no apreço!
Hoje está bem difícil ser eu,
E não tenho uma palavra que me conforte,
Nem um amigo antigo, irmão mais velho
Que seja mais esperto, bonito ou forte.
Deco Plácido, 05/05/2021
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